Se foi ‘jogada de mestre’, o Rio está frito
RIDÍCULO Os juízes federais que ameaçam fazer greve para defender o penduricalho do auxílio-moradia podem entender muito de direito, mas não têm senso do ridículo.
Se eles pararem, farão menos falta que o pipoqueiro do cinema. Os cidadãos que pagam seus salários e auxílios esperam anos por um despacho dos meritíssimos. O doutor Luiz Fux ficou três anos sentado em cima do processo que arguiu a inconstitucionalidade do penduricalho e nenhum juiz reclamou. Afinal, era uma esperteza a favor deles. CANCELLIER, 4 MESES Completaram-se quatro meses do suicídio do professor Luiz Carlos Cancellier, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina. Ele se matou depois de ser preso e proibido de entrar no campus da instituição. Sabe-se que a Polícia Federal tem um novo diretor e que a reforma da Previdência de Temer foi para o brejo, mas não se sabe o resultado da espetaculosa Operação Ouvidos Moucos, que o relacionava com um desvio (inexistente) de R$ 80 milhões.
Aqui e ali pingam gotinhas de informações capazes de insinuar culpas de Cancellier. Sabe-se que ele não é acusado de ter desviado um só centavo. O inquérito teria mais de 3.000 páginas, e o principal acusador de Cancellier, o professor Rodolfo Hickel do Prado, diz que ele quis atrapalhar a investigação ao avocar oficialmente ao seu gabinete o processo que tratava dos desvios. Além disso, a investigação envolveu a Capes, e os procedimentos burocráticos não foram mantidos em sigilo. Isso foi o que vazou. Parece pouco para tamanho espetáculo. “JOGADA DE mestre”, as três palavras para pacificar o Rio e criou um Ministério da Segurança. Braga Netto deu uma entrevista coletiva com perguntas previamente selecionadas, e quando os jornalistas fizeram um burburinho, ele informou: “Senhores, no grito não funciona”. Verdade, mas, com perguntas selecionadas, também não. Ninguém deve esperar que o general seja obrigado a responder o que não quer, mas todo dia, quando acorda, tem o sacrossanto apenas por notas oficiais.
Se a intervenção no Rio foi uma “jogada de mestre”, Temer pode ter entregue ao general a tropa da cavalaria ligeira da batalha de Balaclava, na guerra da Crimeia, em 1854. Jogada de mestre foi imortalizada num poema heroico de Lord Tennyson. Noves fora a marquetagem da época que era feita por poetas, aquela carga de cavalaria foi um desastre,
Temer pagou o vexame de dispensar o diretor da Polícia Federal, um fabricante de trapalhadas, que ficou no cargo menos de cem dias. Todas as suas encrencas atrapalhavam o combate à corrupção.
Poucas vezes se torceu tanto para que uma jogada de mestre dê certo. Até agora houve um teatro medíocre. CONCILIAÇÃO Cozinha-se em Brasília uma gambiarra para manter o mimo do auxílio-moradia usufruído por magistrados e procuradores. A ideia é manter o pagamento para os servidores que vão viver em cidades onde não têm casa. Os outros, que embolsam os R$ 4,3 mil mesmo tendo imóveis, às vezes dois e, num caso, 60, teriam o mimo transformado numa forma de abono. Ele seria abatido gradativamente. Quando as categorias tivessem aumentos salariais.
A ideia é engenhosa, mas falta os doutores concordarem com o fim de todos os outros penduricalhos e com o respeito ao teto constitucional dos R$ 33,7 mil. EREMILDO, O IDIOTA Eremildo é um idiota e acredita em todas as superstições. Tem medo de gato preto, não passa embaixo de escada e não diz o nome do pai da aviação. O cretino achou a origem da desgraça de Jared Kushner, o genro de Donald Trump, encrencado com a polícia americana.
O pai de Jared é um empreendedor imobiliário e comprou um edifício na Quinta Avenida, para substituí-lo por uma torre moderníssima. A arquiteta ZahaHadid,queprojetouonovoprédio, foiabatidaporumataquecardíacoaos justificou sua coleção de 15 relógios de grife dizendo que são réplicas compradas na China.
Lance arriscado. A milenar tradição chinesa do “yahui”, ou “gorjeta elegante”, consiste em dar a uma pessoa uma obra de arte falsa quando, na realidade, ela é verdadeira.