Empresários apoiam ação militar no Rio
Em evento na semana passada, eles viram com otimismo o uso das Forças Armadas contra violência no Estado
Grupo liderado por dono da Riachuelo lançará plano de segurança com medidas de endurecimento
de forças especiais do Exército e da Marinha “para ocupar áreas mais críticas” e operações de “apoio social” pelas Forças Armadas.
Na plateia de palestra que FlavioRochadeuemSãoPaulo, na quinta-feira (1), a empresária Rosy Verdi (Rodobens) apontou a necessidade de “uma coisa mais dura”. O avanço de militares sobre “Tem hora que a gente precisa postos de comando tradicionalmente receber um não, igual criança. civis e suas pretensões Precisamos de alguém eleitorais são recebidos que ponha o bonde nos trilhos com otimismo por membros outra vez e, para isso, militar da elite econômica nacional. é bom e a gente vai ter
“Estamos em uma situação que obedecer”, opinou. de guerra, a atitude que tem A empresária disse que de ter é torcer a favor”, afirmouFlavioRocha,daRiachuelo, “democracia tem tudo a ver”, mas elogiou o governo autoritário que tenta viabilizar uma da Tailândia. “É um candidatura presidencial. país que tem tudo o que nós
“Qualquer forma de discriminação temos aqui, praias maravilhosas, é nefasta, um militar mas muito mais pobreza, é um ser humano como qualquer e você não vê esse lado, outro”, justificou. vê só as coisas bonitas.”
Liderado por Rocha, o movimento Uma pesquisa Datafolha Brasil 200, composto de junho de 2017 mostrou que por empresários como Alberto as Forças Armadas são a instituição Saraiva (Habib’s), João mais confiável no país Apolinário (Polishop), Ronaldo hoje e sua imagem melhora Pereira Junior (Óticas Carol) nos segmentos mais ricos. e Pedro Thompson (Estácio), Entre os que ganham até lançará nesta semana doissaláriosmínimos,38%dizem um plano de segurança com confiar muito nela e 16% medidas de endurecimento nãoconfiam.Nasfamíliascom do combate à violência. rendamensalacimadedezsalários
Prevê ações como o acionamento mínimos, 47% confiam muito e 10% não confiam. EntreapoiadoresdeJairBolsonaro (PSC), o índice vai a 58%.
Segundo o Datafolha, a comparação de pesquisas sobre o prestígio das instituições permite dizer que a imagem das Forças Armadas já foi mais equilibrada entre as classe econômicas.
“Entre os mais pobres, o apoio é menor, pois vivenciam, além do medo dos bandidos,ainsegurançaemrelação às ações policiais”, disse o diretor-geral do instituto, Mauro Paulino.
“Não por acaso, são os jovens de classe média que formam a maior parte do eleitorado de Bolsonaro. Os jovens pobres desconfiam do discurso repressivo”, constatou.
O historiador Rodrigo Patto Sá Motta criticou a atuação de militaresnogoverno.“Elesdeveriam ficar apenas nas casernas”, afirmou.
“Muitas pessoas das classes média e alta se sentem mais seguras com a visão do aparatomilitarnasruas,oque gera a sensação de que serão mais bem defendidos dos assaltosecrimescomuns.Noentanto,parecequeapopulação das áreas carentes tem opinião diferente, já que as forças de segurança costumam tratar os pobres como se fossem criminosos em potencial.”
Para o historiador Carlos Fico, apenas setores mais intelectualizados veem as Forças Armadas com resistência por conta da ditadura militar (1964-1985). A sociedade brasileira, em geral, é receptiva.
Aeliteeconômica,emespecial, “é pragmática em favor deseusprópriosinteresses,comoénatural.Nãosetratamais da imagem das Forças Armadas, mas de defesa de interesses econômicos”, disse Fico.
O pesquisador, porém, discordou da visão de que o avanço dos militares reflete a sua “proeminência efetiva”. Para ele, trata-se de sua instrumentalização pelo presidente Michel Temer (MDB) para fins políticos.
“Não creio que os próprios militares estejam satisfeitos, porqueobviamenteaintervenção no Rio de Janeiro vai dar errado,éclaroqueoproblema de segurança pública não vai se resolver até dezembro, e a culpa vai cair no colo do Exército”, afirmou.