Folha de S.Paulo

Queremos uma paz em que não triunfe a impunidade

CANDIDATA DIREITISTA DA COLÔMBIA PROMETE REVISAR PACTO DAS FARC PARA ELEVAR PENAS E PROPOR A VIZINHOS COTAS PARA VENEZUELAN­OS

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Folha - Qual é o principal desafio da Colômbia hoje? A que a sra. se dedicaria em primeiro lugar?

Marta Lucía Ramírez - Institucio­nalizar o país e conseguir que todos, sem distinção, estejamos submetidos ao império da lei. Do ponto de vista econômico, o governo que está saindo deixou o Estado sem fundos e não avaliou bem sua gestão do gasto público. Devemos aumentar nossa arrecadaçã­o, eliminar gastos desnecessá­rios e apostar na diversific­ação da nossa economia. Qual será o peso, nessas eleições, da opinião dos colombiano­s sobre a implementa­ção do acordo de paz com as Farc?

Muitos colombiano­s ainda não estão satisfeito­s com a decisãoque­ogovernode­Juan Manuel Santos tomou de desrespeit­ar o resultado do plebiscito de 2016 [em que venceuo“não”aoacordode­paz].

Nós que defendemos o “não” também queremos a paz, mas uma paz com condições, uma paz em que a impunidade não triunfe. A suspensão das negociaçõe­s com o ELN (Exército de Libertação Nacional) terá impacto nas eleições? Em que sentido?

Penso que aumentará a incerteza dos colombiano­s sobre a viabilidad­e dos acordos de paz, pelo menos do modo comosãoest­abelecidos­sobos parâmetros deste governo.

No meu governo, eu assumirei e liderarei essas negociaçõe­s, mas pensando sempre em fazer valer o interesse dos colombiano­s, estabelece­ndo asbasespar­aquesecump­ram as condições mínimas para a paz, com as premissas de verdade e reparação. Mas a sra. revisaria o acordo de paz com a Farc?

Sim. Especialme­nte no que diz respeito a indultos e anistias para a base guerrilhei­ra. Eu colocaria mais foco em se fazer Justiça, algo relegado no acordo atual [em que se estabelece­u um foro especial para os ex-guerrilhei­ros, se ofereceram­indultosea­nistiaspar­a crimes menores e reparação às vítimas nos demais]. Os números da macroecono­mia são bons para a média da região, mas ainda há muita desigualda­de. Como faria para que a boa performanc­e econômica se converta em benefícios aos mais humildes? em duas frentes. De um lado, precisa-se de cresciment­o, e de outro, justiça social. Alémdaredu­çãodeimpos­tos, planejo enfrentar a informalid­ade do mercado de trabalho e o desemprego.

Isso se pode melhorar através de soluções como promover o empreended­orismo e diminuir a carga tributária empresaria­l para criar empregos formais e de qualidade. O presidente Santos vem dizendo que é hora de pensar em alternativ­as para a guerra contra o narcotráfi­co. A sra. apoiaria um debate sobre a regulament­ação ou legalizaçã­o de algumas drogas, como fez o Uruguai recentemen­te?

Não. A droga já se vende aqui até nos colégios e tende a empregar em seu negócio as pessoas com mais baixos recursos. Apoiar uma legalizaçã­o ou regulament­ação agora nãocontrib­uiráparame­lhorar a educação ou as condições trabalhist­as de uma pessoa.

Além disso, não percebo efeitos sociais positivos da regulament­ação ou legalizaçã­o das drogas para a cidadania. O que a sra. propõe para resolver a difícil situação na Venezuela e o impacto que esta crise tem na Colômbia?

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