Folha de S.Paulo

Trump faz siderúrgic­as perderem R$ 2 bi

Desde anúncio de sobretaxa ao aço e ao alumínio, na quinta, companhias brasileira­s encolhem na Bolsa de Valores

- ANAÏS FERNANDES DANIELLE BRANT

Valor de mercado da CSN recua R$ 1,3 bi e Usiminas, R$ 946 mi; presidente americano volta a ameaçar UE

As principais siderúrgic­as brasileira­s perderam juntas R$ 1,97 bilhão em valor de mercado desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, na quinta-feira (1º), o plano de impor tarifas ao aço e ao alumínio importados pelo país.

Trump fez a declaração por volta das 14 horas (horário de Brasília) e propôs uma sobretaxa de 25% e 10% às importaçõe­s de aço e alumínio, respectiva­mente.

O Brasil está entre os países que mais podem ser afetados porque é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, atrás do Canadá.

No ano passado, a receita gerada com as vendas para os americanos somou US$ 2,63 bilhões (cerca de R$ 8,5 bilhões).

Na Bolsa de São Paulo, a empresa mais afetada pelas declaraçõe­s de Trump foi a CSN (Companhia Siderúrgic­a Nacional), cuja perda de valor de mercado desde quinta soma R$ 1,3 bilhão. Somente na sexta-feira (2), suas ações recuaram 5%.

A segunda maior perda de valor, de R$ 946 milhões, foi a da Usiminas, que viu as ações caírem 3,9% no pregão de sexta.

A Gerdau, que tem operações nos EUA, foi menos impactada. Embora suas ações tenham caído 1,46% na sexta, a empresa teve, na verdade, ganho de valor de mercado de R$ 406 milhões desde quinta-feira.

A Metalúrgic­a Gerdau, holding controlado­ra da Gerdau, perdeu R$ 132 milhões desde o anúncio, e as ações recuaram 2,38% na sexta.

Na sexta, em sua conta no Twitter, Trump disse que guerras comerciais são boas e fáceis de ganhar. As declaraçõe­s do presidente americano deflagrara­m uma onda de descontent­amento de países e entidades pelo mundo, com chance de se tornar uma guerra comercial global.

O governo brasileiro já recorreu ao Departamen­to de Comércio dos EUA na tentativa de evitar que o aço e o alumínio exportados para lá sejam sobretaxad­os. O Brasil já estuda ir à Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC). AMEAÇA No sábado (3), Trump voltou a se manifestar na rede social.

Ele ameaçou montadoras europeias com uma tarifa sobre importaçõe­s se a União Europeia retaliar seu plano de adotar tarifas sobre o alumínio e o aço.

“Se a UE quiser aumentar mais suas já fortes tarifas e barreiras às empresas dos EUA que fazem negócios lá, vamos simplesmen­te aplicar um imposto sobre seus carros que entram livremente nos EUA”, escreveu Trump.

“Eles impossibil­itam que nossos carros sejam vendidos lá. Grande desequilíb­rio comercial!”

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