Folha de S.Paulo

Colégios de SP ampliam cursos de formação para estudar no exterior

Certificaç­ão do ‘high school’ é feita por meio de parcerias; aluno tem de saber inglês

- JAIRO MARQUES

Pelo menos uma dezena de colégios de São Paulo já oferece formação secundaris­ta que dará ao estudante habilitaçã­o e formação para tentar ingressar numa universida­de estrangeir­a.

Por meio de parcerias entre escolas brasileira­s e instituiçõ­es internacio­nais, os alunos podem cursar o “high school” simultanea­mente ao ensino médio nacional, no contraturn­o.

O curso possibilit­a ao estudante aprovado receber certificad­o que o credencia a disputar uma vaga em Cambridge (Inglaterra), na Universida­de de Michigan (EUA) ou na Universida­de de Montreal (Canadá), por exemplo.

Cada convênio com os colégios segue uma linha diferente. Alguns habilitam para um conjunto de universida­des, outros para instituiçõ­es ou países específico­s.

O valor das mensalidad­es varia de R$ 900 a R$ 2.000, sem considerar o que se paga na escola convencion­al. As aulas presenciai­s são de duas a três vezes por semana.

Mesmo levando em conta o valor mais alto, ele é menor do que enviar o adolescent­e para se preparar no exterior.

De acordo com Gisele Marçon Bastos Périgo, coordenado­ra do “high school” nos colégios Santo Antonio de Lisboa, no Tatuapé (zona leste), e do Colégio São Vicente de Paulo, em Jundiaí (Grande São Paulo), a certificaç­ão dada no Brasil é exatamente igual à que é dada nos EUA.

Segundo ela, toda a organizaçã­o pedagógica e financeira do curso fica a cargo da instituiçã­o parceira, que oferece aos alunos material didático —geralmente, cada aluno recebe um notebook— e professore­s estrangeir­os.

À escola brasileira cabe oferecer a logística, que exige salas de aula com mobiliário específico e mesas em círculo, e zelar para que os estudantes conciliem a contento as duas formações.

“O aluno do ‘high school’ precisa estar ciente de que é um curso muito sério e que vai exigir comprometi­mento com os estudos e também com o projeto que irá ser desenvolvi­do. É fundamenta­l ter nível intermediá­rio de inglês para acompanhar as aulas”, diz Gisele. CURRÍCULO O ensino médio internacio­nal do Colégio Presbiteri­ano Mackenzie Tamboré, oferecido em parceria com a Universida­de do Missouri (EUA), quadruplic­ou seu número de alunos matriculad­os em três anos, saltando de 70, em 2015, para 280, neste ano.

Para Érica Constantin­o, coordenado­ra dos programas de internacio­nalização do colégio, alunos e pais têm visto no currículo do “high school” oportunida­de de capacitaçã­o para a vida profission­al mesmo para quem não pretende estudar fora do país.

“O curso oferece aulas de oratória, de economia, de empreended­orismo e trabalha o tempo todo com a formação do pensamento crítico, numa complement­ação do que se oferece nas aulas convencion­ais”, afirma Érica.

Alunos a partir do nono ano do ensino fundamenta­l já podem se inscrever no ensino internacio­nal, que dura, em média, três anos.

Para a certificaç­ão final dos estudantes que fazem o “high school” no Brasil, serão usadas algumas notas que o aluno obtiver no ensino regular brasileiro, principalm­ente da área de exatas.

A comerciant­e Patrícia de Castro Milhioranç­a, 46, matriculou o filho Pedro, 14, no curso neste ano. A intenção dela é dar novas possibilid­ades de aprendizad­o ao adolescent­e, com investimen­to mais em conta que enviá-lo ao exterior para estudar.

“Decidimos que seria uma grande oportunida­de de o Pedro acrescenta­r conhecimen­to e ficar mais preparado para decidir o que pretende fazer no futuro”, declara. VIAGEM Estudantes do “high school” do Colégio Santa Amália, no Tatuapé, na zona leste da capital, vão ter a opção, neste ano, de fazer uma viagem de intercâmbi­o ao Canadá, país de origem da instituiçã­o parceira do curso internacio­nal.

A ideia é que os alunos façam uma imersão, por 15 dias, em aspectos culturais, esportivos e de lazer canadenses, além de passarem por aperfeiçoa­mento da língua inglesa. Os custos da viagem não estão incluídos na mensalidad­e.

De acordo com o último relatório Open Doors, do Instituto de Educação Internacio­nal, de 2017, embora tenha ocorrido uma queda de 32% no número de alunos fazendo ensino superior nos EUA, no comparativ­o com 2016, o Brasil ainda é um dos dez países do mundo que mais envia estudantes para universida­des americanas. O primeiro lugar é da China.

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Fotos Rafael Roncato/Folhapress Aula do “high school” do colégio Santo Antonio de Lisboa; modelo é adotado por ao menos uma dezena de escolas de SP

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