Folha de S.Paulo

Dúvidas e incertezas

- TOSTÃO

EU, QUE era um desconheci­do, em comparação à celebridad­e que é Neymar, passei por algo parecido, quando operei o olho, antes da Copa de 1970. Havia uma incerteza se me recuperari­a a tempo e se teria boas condições físicas, pois não participei de toda a programaçã­o dos outros atletas. Dúvidas e deduções equivocada­s eram também frequentes nas discussões.

Segundo Rodrigo Lasmar, médico da Seleção, Neymar voltará a jogar entre dois meses e meio e três meses. Como a medicina não é uma ciência exata, os médicos, por segurança e precaução, costumam informar o tempo máximo de recuperaçã­o. Existe uma chance de Neymar estar bem, a tempo de treinar bastante e de atuar na Copa em ótimas condições.

Além disso, Neymar pode, no Mundial, estar mais descansado, já que, com frequência, grandes craques chegam à Copa com muitos problemas físicos, por causa do excesso de jogos. Messi, que vive um de seus melhores na época do Mundial.

Nos dois amistosos, Tite pode manter o sistema tático, com William, pela direita, e Coutinho, pela esquerda, ou, como era sua intenção, antes da contusão de Neymar, experiment­ar uma outra formação, sem Renato Augusto, com William, pela direita, Coutinho, pelo centro, e, provavelme­nte, Douglas Costa, pela esquerda, para guardar o lugar para Neymar.

Tudo é incerto, com a exceção da finitude da vida. Palmeiras venceu, por suas qualidades e porque atuou com um jogador a mais, desde os nove minutos do primeiro tempo. Na segunda etapa, o Junior Barranquil­la morreu, pois, com um a menos, teve de correr mais.

No ano passado, após o Cruzeiro sofrer muitos gols, em várias partidas seguidas, Mano Menezes prometeu e cumpriu que não ia mais acontecer. O time passou a jogar com mais segurança,

Como é habitual, os técnicos brasileiro­s não conseguem formar equipes compactas. Quando avançam, deixam muitos espaços entre os armadores e os zagueiros, que atuam colados à grande área. O campo fica maior para os jogadores recomporem a marcação, o que gera mais cansaço. Defender bem não é apenas colocar oito ou nove jogadores à frente da área. É também se posicionar bem, para receber o contra-ataque. Para diminuir os espaços entre os armadores e os defensores, os zagueiros não precisam ficar tão atrás nem tão adiantados, na linha do meio-campo.

Flamengo e River Plate mostraram a mesma deficiênci­a. Os zagueiros isso é só na prancheta. Os detalhes estratégic­os e a qualidade dos jogadores são bem diferentes.

O Corinthian­s, ao contrário, se posiciona muito bem defensivam­ente, mas não tem ataque. A dúvida não é se o time deve jogar com um típico centroavan­te, de referência. O que a equipe precisa é de um bom atacante, seja ou não um clássico centroavan­te.

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