De emissão do documento, mas coloquei na reportagem: 23 de dezembro de 1911.
PAIXÃO Eu sempre gostei de carros e de automobilismo. Além de matériassobrecorridasnoAutódromo de Interlagos, escrevi por alguns anos o jornal interno da fábrica da Volkswagen, e isso me ajudou bastante na entrevista com o Artur.
Ele dirigiu carros interessantíssimos, como um Maxwell canadense com freio e embreagemnumúnicopedal. Dizia também ter dirigido o primeiro automóvel trazido para São Paulo, um Spa italiano conversível com rodas maciças, segundo ele.
Como eram carros dificílimos de conduzir, perguntei sobre acidentes. E, sim, ele foi também o precursor de batidas na capital. Só não me pergunte detalhes, porque disso eu já não me lembro.
Após a entrevista, voltei à redação para escrever o texto. No fim do dia, entreguei a matéria para o Geraldo, que me chamou para conversar minutos depois. Ele queria falar sobre um dos trechos da reportagem, que relatava o período em que o senhor Artur trabalhou como chofer do Serviço Sanitário.
Isso foi em 1918, quando a gripe espanhola se espalhou por São Paulo. Contei um pouco sobre seu trabalho de transportador de corpos.
Artur levava os mortos para serem enterrados em valas comuns. Tinha destacado alguns momentos delicados que ele enfrentou, mas o Geraldo mandou eu tirar essa parte. Obedeci a ordem.
Mesmo sem ter meu nome, fiquei bastante orgulhoso quando vi a reportagem impressa. Acho que, até hoje, todo jornalista gosta de ter em mãos um jornal com sua reportagem, não é?