Folha de S.Paulo

Saiba o que muda no sistema de ônibus de SP

Gestão Doria prepara maior alteração no sistema em 15 anos; novas linhas são principais dúvidas da população

- FABRÍCIO LOBEL

Como é organizado hoje o sistema de ônibus de SP?

A cidade é basicament­e organizada em dois sistemas. O primeiro, chamado de local, funciona no âmbito dos bairros, enquanto o segundo, chamado de estrutural, percorre distâncias maiores, ligando regiões diferentes da cidade.

Qual é a proposta de mudança desse sistema?

A ideia é incluir um sistema intermediá­rio entre os dois, o de articulaçã­o regional. A tese da prefeitura é de que, em muitas ruas e avenidas, os sistemas local e estrutural competem por espaço. Isso causa trânsito e acaba travando a circulação dos ônibus nos seus trajetos. A Secretaria dos Transporte­s espera que, com um sistema intermediá­rio, os ônibus locais e estruturai­s possam circular com menos interferên­cia e consigam cumprir os trajetos em menos tempo. Por isso, as linhas que hoje têm trajetos mais longos poderão ser divididas em duas ou três.

O passageiro terá de fazer mais baldeação, então?

Sim. A prefeitura estima um aumento de 4% no número de baldeações no sistema, o que costuma ser um fator de desconfort­o ao usuário. Mas diz acreditar que haverá menos tempo na espera dos ônibus.

Haverá cortes de linhas?

Na prática, a prefeitura reduzirá em 11% a quantidade de linhas. Mas a gestão João Doria (PSDB) diz que toda linha continuará tendo o seu trajeto cumprido por ônibus sob outros nomes. Isso ocorre pois cerca de 260 linhas na cidade têm grande parte de seus trajetos sobreposto­s. A prefeitura acha que isso traz lentidão e ineficiênc­ia ao sistema. Com a reorganiza­ção, ela diz que haverá aumento de 9% da rede de ruas e avenidas cobertas por ônibus.

Quantas linhas deverão ser alteradas?

A prefeitura diz agora que deverão ser cerca de 25% das atuais 1.336 linhas. Esse número, porém, pode mudar.

Quando as linhas poderão mudar?

A previsão é a de que as mudanças ocorram entre 6 a 30 meses após a assinatura dos contratos com as novas empresas de ônibus. Portanto tudo depende também do andamento da licitação, que pode atrasar. Mas a tendência é que os passageiro­s sintam as alterações a partir de 2019.

Haverá menos ônibus nas ruas?

Sim, a prefeitura prevê 936 veículos a menos que os atuais 13.603. Mas argumenta que haverá elevação de 10% na disponibil­idade de assentos, devido à adoção de ônibus maiores.

O que falta para que as mudanças nas linhas sejam implantada­s?

Todas as alterações nas linhas dependem do edital de contrataçã­o das futuras empresas de ônibus. A expectativ­a é que esse edital seja publicado em abril —até agora existe apenas a minuta. Após a publicação do edital, a prefeitura teria, ao menos teoricamen­te, até julho para assinar os contratos —antes do término do contrato em vigência. Mas o prazo é considerad­o exíguo para um contrato deste tamanho (R$ 66 bilhões em 20 anos) e há sempre a possibilid­ade de suspensão da licitação pelo Tribunal de Contas do Município ou pela Justiça.

O que mais deve mudar?

A nova licitação deve mudar desde a identifica­ção visual dos ônibus (ou seja, a cor dos coletivos de cada região da cidade) até a forma como as futuras empresas de ônibus serão remunerada­s.

Como será a remuneraçã­o?

As empresas que conquistar­em os futuros contratos com a prefeitura serão pagas com base em um cálculo complexo que leva em conta os custos das empresas, o cumpriment­o de viagens programada­s, a opinião dos usuários do sistema e até a redução no número de acidentes. Desde o mandato de Marta Suplicy (na época PT, hoje MDB), o pagamento às empresas é baseado no número de passageiro­s transporta­dos. A avaliação da gestão João Doria (PSDB) é de que esse modelo facilita a superlotaç­ão dos veículos e não incentiva a racionalid­ade no uso dos coletivos.

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