Saiba o que muda no sistema de ônibus de SP
Gestão Doria prepara maior alteração no sistema em 15 anos; novas linhas são principais dúvidas da população
Como é organizado hoje o sistema de ônibus de SP?
A cidade é basicamente organizada em dois sistemas. O primeiro, chamado de local, funciona no âmbito dos bairros, enquanto o segundo, chamado de estrutural, percorre distâncias maiores, ligando regiões diferentes da cidade.
Qual é a proposta de mudança desse sistema?
A ideia é incluir um sistema intermediário entre os dois, o de articulação regional. A tese da prefeitura é de que, em muitas ruas e avenidas, os sistemas local e estrutural competem por espaço. Isso causa trânsito e acaba travando a circulação dos ônibus nos seus trajetos. A Secretaria dos Transportes espera que, com um sistema intermediário, os ônibus locais e estruturais possam circular com menos interferência e consigam cumprir os trajetos em menos tempo. Por isso, as linhas que hoje têm trajetos mais longos poderão ser divididas em duas ou três.
O passageiro terá de fazer mais baldeação, então?
Sim. A prefeitura estima um aumento de 4% no número de baldeações no sistema, o que costuma ser um fator de desconforto ao usuário. Mas diz acreditar que haverá menos tempo na espera dos ônibus.
Haverá cortes de linhas?
Na prática, a prefeitura reduzirá em 11% a quantidade de linhas. Mas a gestão João Doria (PSDB) diz que toda linha continuará tendo o seu trajeto cumprido por ônibus sob outros nomes. Isso ocorre pois cerca de 260 linhas na cidade têm grande parte de seus trajetos sobrepostos. A prefeitura acha que isso traz lentidão e ineficiência ao sistema. Com a reorganização, ela diz que haverá aumento de 9% da rede de ruas e avenidas cobertas por ônibus.
Quantas linhas deverão ser alteradas?
A prefeitura diz agora que deverão ser cerca de 25% das atuais 1.336 linhas. Esse número, porém, pode mudar.
Quando as linhas poderão mudar?
A previsão é a de que as mudanças ocorram entre 6 a 30 meses após a assinatura dos contratos com as novas empresas de ônibus. Portanto tudo depende também do andamento da licitação, que pode atrasar. Mas a tendência é que os passageiros sintam as alterações a partir de 2019.
Haverá menos ônibus nas ruas?
Sim, a prefeitura prevê 936 veículos a menos que os atuais 13.603. Mas argumenta que haverá elevação de 10% na disponibilidade de assentos, devido à adoção de ônibus maiores.
O que falta para que as mudanças nas linhas sejam implantadas?
Todas as alterações nas linhas dependem do edital de contratação das futuras empresas de ônibus. A expectativa é que esse edital seja publicado em abril —até agora existe apenas a minuta. Após a publicação do edital, a prefeitura teria, ao menos teoricamente, até julho para assinar os contratos —antes do término do contrato em vigência. Mas o prazo é considerado exíguo para um contrato deste tamanho (R$ 66 bilhões em 20 anos) e há sempre a possibilidade de suspensão da licitação pelo Tribunal de Contas do Município ou pela Justiça.
O que mais deve mudar?
A nova licitação deve mudar desde a identificação visual dos ônibus (ou seja, a cor dos coletivos de cada região da cidade) até a forma como as futuras empresas de ônibus serão remuneradas.
Como será a remuneração?
As empresas que conquistarem os futuros contratos com a prefeitura serão pagas com base em um cálculo complexo que leva em conta os custos das empresas, o cumprimento de viagens programadas, a opinião dos usuários do sistema e até a redução no número de acidentes. Desde o mandato de Marta Suplicy (na época PT, hoje MDB), o pagamento às empresas é baseado no número de passageiros transportados. A avaliação da gestão João Doria (PSDB) é de que esse modelo facilita a superlotação dos veículos e não incentiva a racionalidade no uso dos coletivos.