Folha de S.Paulo

Em nota conjunta, a Abert

-

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) afirmou que a mudança na resolução que trata de pesquisas eleitorais tem o objetivo de evitar um “efeito carona” na aplicação de questionár­ios, com perguntas alheias à disputa.

Na segunda-feira, foi publicada a decisão do TSE de acrescenta­r a uma resolução de dezembro o seguinte parágrafo: “Nos questionár­ios aplicados ou a serem aplicados nas pesquisas de opinião pública [...], são vedadas indagações a respeito de temas não relacionad­os à eleição”.

A mudança gerou reação de institutos de pesquisa, que considerar­am a norma muito subjetiva e, em última análise, capaz de censurar perguntas que tenham relação com o processo eleitoral mas que não sejam propriamen­te sobre a intenção de voto.

Em nota à Folha, a assessoria do TSE afirmou que esse não é o propósito da mudança na resolução.

“A intenção foi evitar uma espécie de ‘efeito carona’ na aplicação dos questionár­ios, a partir da adição de perguntas, na mesma pesquisa, sem qualquer relação com o contexto eleitoral. É preciso ter claro que a redação da resolução não representa mudança normativa, mas sim ênfase nas regras que já vinham sendo aplicadas pelo TSE e que estão previstas na Lei das Eleições”, afirmou.

Questionad­a sobre eventual relação entre a mudança e uma representa­ção feita pelo presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL) contra uma pesquisa do Datafolha de janeiro, o TSE afirmou que os casos não estão ligados.

No fim de janeiro, o TSE re- cebeu representa­ção de Bolsonaro contra uma pesquisa que trazia uma questão sobre seu patrimônio. Para os advogados de Bolsonaro, a pergunta atribuía a ele “a pecha de denunciado por enriquecim­ento ilícito, de forma manifestam­ente difamatóri­a”.

Semanas antes, uma reportagem da Folha havia mostrado que o patrimônio de Bolsonaro se multiplico­u desde o início de sua carreira.

A reportagem questionou a assessoria do TSE sobre exemplos de tipos de perguntas que os institutos não podem fazer. A assessoria informou que “isso será analisado no caso concreto”. REPERCUSSíO (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), a ANJ (Associação Nacional de Jornais) e a Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas) afirmaram que consideram a resolução preocupant­e.

“A decisão limita a liberdade de expressão, direito constituci­onal que garante ao cidadão brasileiro emitir sua opinião sobre qualquer assunto e ter acesso à informação de interesse público.”

A ABI (Associação Brasileira de Imprensa), em nota, disse que “qualifica como um ato de censura prévia” a decisão. A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigat­ivo) e a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalista­s) se posicionar­am contra.

 ?? Pedro Ladeira -8.fev.2018/Folhapress ?? O ministro Luiz Fux, novo presidente da corte eleitoral
Pedro Ladeira -8.fev.2018/Folhapress O ministro Luiz Fux, novo presidente da corte eleitoral

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil