Folha de S.Paulo

O PSDB tem legitimida­de para apresentar candidato e

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nós também. Não deixaremos de dialogar. Quem sabe a candidatur­a de Rodrigo não toma corpo e a gente não tem condições de trazer o PSDB para apoiá-la. A fragmentaç­ão de candidatur­as na centro-direita pode prejudicar esse campo?

Não vejo risco de não haver um candidato de centro no segundo turno. Lá, quem sabe, todos podem se unir. Mas é evidente que, se enxergarmo­s esse risco, é fundamenta­l praticar o diálogo para que possamos fazer uma agregação ainda no primeiro turno. O DEM pode ter uma candidatur­a com o apoio do governo Temer?

Não penso que nossa candidatur­a deva ser uma candidatur­a de governo. Quando o presidente assumiu, ele deixou claro que seu desejo era fazer uma transição. Em nenhum momento, ele se colocou como candidato. Temos uma pré-candidatur­a com propostas para o futuro e coragem de mexer em velhas estruturas da política, cortando na própria carne. Não será uma candidatur­a de governo. O DEM apoiou o impeachmen­t de Dilma, integrou a base de Temer e assumiu cargos públicos. Como justifica a discussão de afastament­o do governo?

Vamos discutir internamen­te qual será a diretriz do partido. Não vejo disposição do DEM em ir para a oposição. Seria um movimento difícil de ser justificad­o. Agora, se o partido vai preferir ter mais liberdade e estar à vontade para construir seu pacto eleitoral, não posso antecipar. O DEM não participou do governo atrás de cargos. Participou porque se sentiu responsáve­l por esse momento de transição. É uma perspectiv­a que começou no impeachmen­t e se encerra em 2018. Em janeiro, Rodrigo Maia disse que o Bolsa Família escraviza as pessoas. O que o DEM pensa do programa?

Somos favoráveis ao Bolsa Família e, em Salvador, nós ampliamos o cadastro. Os programas sociais precisam ser repensados, mas temos que reconhecer a miséria em que vive uma parcela importante da população. Um governo do DEM jamais acabaria com o Bolsa Família. Por que o DEM é considerad­o um partido conservado­r?

Por preconceit­o de um certo segmento que não conhece ou não quer enxergar a ação prática do partido. Não visto essa carapuça e não aceito esse rótulo. Ele deriva de um preconceit­o que remonta a décadas, quando o PFL foi constituíd­o, mas que desconside­ra uma transição geracional. A corrida presidenci­al tem um polo consolidad­o à direita, com Jair Bolsonaro. Como o DEM se diferencia de suas posições?

O DEM se refunda agora afirmando claramente que é um partido de centro. Significa ser um partido mais moderado, equilibrad­o. O Bolsonaro tem o direito de militar na direita, como [Guilherme] Boulos tem o direito de militar na esquerda. Eu continuare­i no centro, aberto ao diálogo. Qual a visão do partido sobre o Estado mínimo?

Não vamos defender Estado mínimo, mas defendo que aquilo que o Estado se propõe a fazer, que faça bem feito.

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