Centro-direita, deve
disputar com 5 Estrelas chance de formar governo
Eis uma pista para quem quiser saber o que Matteo Salvini pensa sobre política: buscar respostas em seu torso.
O líder ultranacionalista de 44 anos, que pode ser o próximo premiê da Itália, passou a campanha vestindo camisetas estampadas com os slogans de seu partido, a Liga.
A sigla integra a aliança de centro-direita que recebeu a maior parte dos votos nas eleições de domingo (4), razão pela qual se espera que ele tente formar um governo nas próximas semanas.
Uma das camisetas de Salvini, por exemplo, estampava a frase “interrompa a invasão”. Era um repúdio explícito à onda migratória de que o país é um dos focos desde 2015. Há hoje ali 180 mil pedidos de asilo e refúgio aguardando apreciação. O fenômeno monopolizou o debate eleitoral.
Em outra camiseta, o populista exibiu os dizeres “não às sanções à Rússia”, outra de suas plataformas. Assim como o Movimento Cinco Estrelas (legenda mais votada individualmente no domingo), a Liga defende uma reaproximação entre Roma e Moscou.
Uma terceira vestimenta de Salvini trazia a mensagem “chega de euro”, moeda que ele já descreveu como “crime contra a humanidade”.
Essa seleta do figurino dele explica, em parte, por que o resto da União Europeia observa com temor sua ascensão. Se virar primeiro-ministro, ele deve reforçar o discurso nacionalista e protecionista nesta que é a quarta maior economia do continente.
Salvini nasceu em Milão, no norte italiano, onde militou em movimentos de esquerda antes de se filiar à ala jovem da Liga. Sua guinada à direita é explicada pelas crises econômicas e pela crescente importância do tema da migração no debate político.
Em 2004, elegeu-se para o Parlamento Europeu, feito que repetiu em 2009. Nas fileiras da Casa, Salvini se aproximou de outros movimentos populistas de direita, como a Frente Nacional francesa, de Marine Le Pen, e reforçou seu próprio status dentro da Liga. SECESSÃO A agremiação foi criada nos anos 1990 como Liga Norte, um movimento nacionalista pela secessão do norte. Por décadas, seus líderes descreveram as demais regiões como terras tomadas pela pobreza e pela máfia. O próprio Salvini disse em um vídeo, certa vez, que napolitanos cheiravam mal.
Mas a chegada dele à liderança