Folha de S.Paulo

Ex-espião russo foi visado com agente tóxico

Sergei Skripal e a filha estão internados em estado grave no Reino Unido após serem encontrado­s inconscien­tes

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Investigad­ores afirmam que eles foram atacados com substância que afeta o sistema nervoso, como gases sarin e VX

O chefe da unidade antiterror­ismo da polícia do Reino Unido disse nesta quarta-feira (7) que um agente tóxico capaz de afetar o sistema nervoso foi usado para atingir o exespião russo Sergei Skripal, 66, e sua filha Yulia, 33. Os agentes tratam o caso como uma tentativa de homicídio.

Os dois foram encontrado­s inconscien­tes deitados em um banco ao lado de uma galeria comercial de Salisbury, no sul da Inglaterra, na tarde do último domingo (4). Desde então, pai e filha estão internados em estado grave.

Segundo Mark Rowley, as autoridade­s já identifica­ram qual foi a substância usada, mas não divulgarão seu nome para evitar interferên­cia nas investigaç­ões. “Também posso afirmar que cremos que as duas pessoas que se sentiram mal originalme­nte foram especifica­damente visadas.”

Alguns dos agentes nervosos conhecidos são o gás sarin e o VX. Este último é a substância que acredita-se ter sido usada no assassinat­o de Kim Jong-nam , meio-irmão do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, na Malásia.

Ao atacarem o sistema nervoso, eles interrompe­m ou dificultam funções corporais, levando a convulsões e à morte. Normalment­e, entram no corpo pelo nariz ou pela boca —também podem ser absorvidos por olhos ou pele.

Investigad­ores afirmaram à imprensa britânica que, devido à rapidez de reação e à quantidade usada, trata-se de uma arma química não produzida artesanalm­ente.

Esse fato reforça a suspeita de envolvimen­to do Kremlin na ação. Ex-agente da divisão militar de inteligênc­ia russa, Skripal foi condenado em 2006 a 13 anos de prisão por espionagem após confessar no ano anterior que atuava em favor do serviço secreto britânico desde 1995.

Na terça (6), o secretário de Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, disse que o Reino Unido reagirá com contundênc­ia se provada a ligação russa com a morte.

Moscou nega ter informaçõe­s sobre o ataque. A portavoz da Chancelari­a, Maria Zakharova, declarou tratar-se de uma nova campanha da imprensa mundial contra o Kremlin: “Só podemos ver isso como uma provocação”.

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Yuri Senatorov - 9.ago.2006/Kommersant/Reuters Sergei Skripal, após ser condenado em 2006 pela Rússia

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