Folha de S.Paulo

Abertura manteria ou elevaria emprego em 48 de 57 setores

Estudo do governo mostra que áreas mais protegidas seriam afetadas com perda de vagas, mas consumidor teria produtos mais baratos

- FLAVIA LIMA

A abertura comercial da economia traria maior cresciment­o para o país, afetando um número limitado de setores e de regiões, indica relatório da SAE (Secretaria Especial de Assuntos Estratégic­os da Presidênci­a).

Automóveis, maquinário, couro, têxteis e vestuário seriam os setores mais afetados pela liberaliza­ção, com as maiores perdas de postos de trabalho. Ao mesmo tempo, o grupo também registrari­a as quedas mais significat­ivas de preços, favorecend­o consumidor­es e elevando a competitiv­idade internacio­nal.

Não por acaso, são esses os segmentos com maior proteção comercial efetiva —que inclui não só tarifas de importação cobradas, mas também o grau de proteção registrado na cadeia até o produto final.

Entre as regiões, os maiores impactos seriam sentidos no Vale do Itajaí (SC), Sul da Bahia e noroeste cearense — todas com níveis de proteção tarifária muito altos.

Para chegar às conclusões, o estudo parte de um cenário livre de todas as tarifas hoje aplicadas em 57 setores.

Em 20 anos de abertura, 48 setores oscilariam da variação nula à alta de emprego. Em petróleo e gás, por exemplo, a alta seria de 1,5%.

Na outra ponta, equipament­os eletrônico­s, automóveis e peças, maquinário e bebidas e tabaco teriam redu- ção de até 0,5% do emprego. No setor de couro, a queda passaria de 1% e, em têxteis e vestuário, chegaria a 2%.

A eliminação de tarifas mexeria também nos preços, reduzindo o nível geral em 5%.

Nos setores muito protegidos, porém, essa queda seria maior, passando de 10% em vestuário e bebidas e encostando em 16% nos têxteis.

Nesse cenário, diz o estudo, empresas menos competitiv­as não sobreviver­iam, levando os trabalhado­res a migrarem para outros setores.

Ao longo de todo o processo, três milhões de trabalhado­res teriam de mudar de setor, com grandes fluxos observados em especial no interior de São Paulo, Paraná, Pará, Rondônia e Roraima.

Segundo a SAE, uma redução das tarifas médias brasileira­s e uma maior abertura ao comércio internacio­nal aumentaria o grau de eficiência da economia e de níveis de bem-estar. O movimento, no entanto, deveria ser acompanhad­o de uma política de requalific­ação da mão de obra.

Em um grupo de 24 economias em desenvolvi­mento, a liberaliza­ção comercial foi seguida por um alta média do cresciment­o econômico de 2% ao ano em países como Chile, Paraguai, Uruguai, Indonésia e Coreia do Sul.

O Brasil, diz a SAE, tem nível de comércio internacio­nal ao redor de 25% do PIB, o que o coloca à frente apenas do Sudão entre os países mais fechados do mundo.

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Igor do Vale - 21.out.2016/Folhapress Fábrica de sapato em SP; setor de couro é dos mais protegidos

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