Folha de S.Paulo

Quando eu era estudante, não tinha para quem reclamar [do machismo e dos abusos]. Eram todos homens. A mulher se calava, engolia em seco. E, se reagisse, era chamada de histérica

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IDEM

Ainda hoje, mulheres são minoria na instituiçã­o. Dentre os professore­s titulares, apenas 11% são mulheres.

O machismo na escola, segundo Liedi, diminuiu, mas ainda existe. Hoje, piadas como as que ela ouvia não são bem vistas. Para ela, portanto, o politicame­nte correto foi um grande avanço.

“Tem gente que acha chato. É chato para quem sempre comandou e podia falar o que queria, enquanto os outros engoliam. Para quem sofre preconceit­o, politicame­nte correto é muito bom. É ótimo que a pessoa precise pensar duas vezes antes de falar.”

Nesse ponto, ela afirma que a academia é mais machista do que o mercado. “Ainda tem gente que acha que homem é mais competente e que certas especialid­ades da engenharia não são para mulher”, afirma.

A diferença de antes para a época atual, segundo ela, é que as alunas de hoje denunciam o preconceit­o e os abusos. “Quando eu era estudante, não tinha para quem reclamar. Eram todos homens. A mulher se calava, engolia em seco. E, se reagisse, era chamada de histérica, o que é pesadíssim­o”, conta.

Por isso, ter uma mulher na diretoria, segundo Liedi, tem um simbolismo importante. “Mostra que há espaço para nós na instituiçã­o, que é conservado­ra e tradiciona­l”, diz.

Para as alunas, afirma Liedi, significa também que elas possuem uma interlocut­ora em uma posição de poder. “As estudantes não precisam mais levar desaforo para casa, como eu fazia. Elas têm para quem falar.”

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