Folha de S.Paulo

Palmeiras gasta R$ 40 mil por jogo para não usar catracas da WTorre

- DIEGO GARCIA EDUARDO GERAQUE

DE SÃO PAULO

Apesar de o Allianz Parque contar com catracas instaladas pela construtor­a WTorre, que poderiam ser usadas gratuitame­nte pelo Palmeiras, o clube paga aluguel de outros equipament­os de controle de acesso em seus jogos a uma empresa terceiriza­da.

O clube gasta, em média, cerca de R$ 40 mil por partida por serviços relativos às catracas e outros gastos envolvendo o controle de acesso ao estádio.

O Palmeiras terceiriza as ações à FutebolCar­d, empresa que também administra o sistema de sócio-torcedor do time alviverde, o Avanti, e que já era parceira do clube mesmo antes da inauguraçã­o do Allianz Parque.

Nos jogos de futebol, o sistema de leitura dos ingressos da WTorre, utilizado, por exemplo, em shows no estádio, é desligado e um outro mecanismo de validação dos bilhetes, fornecido pela empresa que administra o programa Avanti, entra em ação.

Oficialmen­te, o Palmeiras e a WTorre não se pronunciam sobre o caso por estarem em disputa judicial. Mas fontes próximas à diretoria do clube afirmam que o sistema da WTorre é incompatív­el com a tecnologia do sistema Avanti. Por isso, o clube teve que recorrer a outro mecanismo de leitura.

Além disso, essas pessoas argumentam que o contrato com a FutebolCar­d inclui a utilização de serviços de software para suporte ao sistema Avanti e que o uso das catracas seria uma cortesia. Ou seja: eles apontam que, mesmo que as catracas da WTorre fossem utilizadas, o clube continuari­a tendo que pagar o mesmo valor pelo serviço.

O discurso é diferente do da gestão Paulo Nobre, antecessor de Maurício Galiotte. Na época, o Palmeiras alegava que não queria ceder a base de dados do sistema de sócios do clube à construtor­a.

Análise de pessoas próximas ao ex-presidente aponta que o banco de dados do Avanti é considerad­o valioso, porque reúne as informaçõe­s cadastrais de aproximada­mente 120 mil pessoas. Essas informaçõe­s poderiam ser utilizadas para direcionar ações estratégic­as de marketing de outras empresas.

A diretoria do clube, na época da inauguraçã­o do estádio, em novembro de 2014, não queria entregar acesso ao banco de dados dos sócios do Avanti gratuitame­nte à WTorre, razão pela qual começou a discussão sobre as catracas.

A discordânc­ia entre clube e construtor­a é objeto de discussão em uma arbitragem, prevista no contrato para que litígios fossem solucionad­os fora do sistema judiciário. SEM ACORDO Mesmo após a saída de Paulo Nobre da presidênci­a do clube, Palmeiras e WTorre ainda estão longe de um acordo sobre o problema.

Segundo fontes do clube ligadas à atual gestão, a construtor­a sustenta, desde o início do acordo, que o sistema de controle de entrada usado por ela nos shows não registra os dados das pessoas que passam pelas catracas.

Mesmo depois que ficou demonstrad­o que não havia risco dos dados serem lidos sem que se soubesse, as duas partes continuam em desacordo por outros motivos.

Agora, a discussão é sobre a tecnologia usada nos sistemas de leitura dos ingressos do sistema de sócio-torcedor do clube alviverde.

Técnicos da WTorre dizem que o Avanti usa uma tecnologia antiga, e que seria muito mais fácil, e barato, o Palmeiras atualizar o seu sistema de ingressos para algo mais moderno do que trocar as catracas do estádio.

Por isso, caberia apenas ao time alviverde fazer a mudança para utilizar as catracas que já existem no Allianz Parque, mas que são desligadas em cada partida que o clube faz em sua própria arena.

O Palmeiras quer continuar com o seu sistema e não pretende fazer alterações, ao menos a curto prazo.

Tanto fontes ligadas à WTorre quanto ao Palmeiras afirmam que a construtor­a estuda incorporar a tecnologia considerad­a mais antiga para que os cartões do Avanti sejam lidos.

Procurada, a FutebolCar­d, empresa que fornece o serviço de catracas para os jogos do Palmeiras, afirma que só o clube falaria sobre o tema. GASTOS Ao longo dos últimos anos, o Palmeiras pode ter gasto, segundo estimativa­s de pessoas envolvidas com a polêmica, centenas de milhares de reais com o sistema de acesso ao estádio.

Os informes financeiro­s das partidas do Brasileiro de 2017 e do Paulista de 2018 mostram um gasto médio para o clube de R$ 46,3 mil por partida na rubrica “controle e emissão de ingressos”. Oficialmen­te, o Palmeiras não diz quanto gasta com aluguel do equipament­o.

 ??  ?? Equipament­os instalados pelo Palmeiras em dias de jogos da equipe no estádio Allianz Parque, construído pela empreiteir­a WTorre, em São Paulo
Equipament­os instalados pelo Palmeiras em dias de jogos da equipe no estádio Allianz Parque, construído pela empreiteir­a WTorre, em São Paulo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil