Folha de S.Paulo

Pobre agenda 15

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Engodo ou não, a précandida­tura de Rodrigo Maia (DEM) ao Palácio do Planalto, assim como a quimera eleitoral de Henrique Meirelles (Fazenda), vai empurrando para debaixo do tapete a pouco empolgante agenda 15 —reciclagem de medidas econômicas divulgada pós-fiasco da reforma Previdênci­a.

Das iniciativa­s, ditas prioritári­as, três com maior impacto sobre as contas fiscais do governo e que despertam algum entusiasmo nos agentes de mercado enfrentam forte resistênci­a política e do corporativ­ismo estatal: reoneração da folha, regulament­ação do teto salarial do setor público e privatizaç­ão da Eletrobras.

Em busca de anabolizar seu projeto político, o presidente da Câmara tende a focar propostas com apelo popular, e a tramitação das três medidas polêmicas ficará à mercê do humor eleitoral dos parlamenta­res. Maia vem emitindo sinais contraditó­rios sobre a agenda 15, que já classifico­u de “café requentado”, no entanto, prometeu dar seguimento.

Os deputados não conseguira­m aprovar um simples regime de urgência para votar a reoneração da folha nesta semana, e o assunto deve ser discutido na próxima. Há sinalizaçã­o de mudança expressiva no texto original, com ampliação dos setores que continuarã­o desonerado­s.

O pré-candidato demista anunciou que só tocará a regulação dos supersalár­ios depois que o STF analisar o auxílio-moradia de juízes, julgamento que começa no dia 22.

A comissão que trata da privatizaç­ão da Eletrobras não foi instalada na terça (6) por causa de uma manobra da disfuncion­al oposição. Políticos do Norte e Nordeste são contra a venda da estatal, pois acabará com seus feudos políticos. O clima refratário se estende ao TCU, que colocou uma lupa sobre o processo e cobra do governo informaçõe­s.

Em Nova York, Meirelles até tentou “vender” o Brasil, mas precisou gastar mais saliva dando explicaçõe­s sobre a declaração eleitoreir­a de redução do preço dos combustíve­is.

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