Fraude não ficou restrita a Delfim, afirmam delatores
Empreiteiros acusam ex-presidente Dilma e Erenice de direcionarem leilão
Governo acertou com empreiteiras quem faria a obra em troca de suborno para PT e PMDB, afirmam colaboradores
oferecesse um desconto superior a 6%.
Erenice Guerra acompanhou essa reunião por telefone, segundo delatores como Flávio Barra, da Andrade Gutierrez. Ela ligou várias vezes para Roger Agnelli, presidente da Vale do Rio em 2010 — posteriormente a empresa desistiu do projeto.
Havia um problema no consórcio que os delatores dizem ter sido criado pelo governo: ele não tinha condições técnicas e financeiras para tocar uma obra da envergadura de Belo Monte, que custou cerca de R$ 30 bilhões. Esse consórcio havia sido montado para dar uma espécie de lição de moral às empreiteiras.
Coube a Antonio Palocci, na versão de Otávio Azevedo, apresentar a contrapartida ao consórcio que de fato fez a obra: as empreiteiras teriam de dar 1% do valor do contrato para o PT e o PMDB. Com a entrada de Delfim no negócio, cada partido ficou com 0,45% e Delfim com 0,1%.
Como as obras civis de Belo Monte custaram cerca de R$ 15 bilhões, PT e PMDB teriam dividido R$ 135 milhões, e Delfim teria ficado com R$ 15 milhões, segundo delatores.
Palocci indicou João Vaccari Neto para cuidar do dinheiro do PT e o senador Edison Lobão para tratar da parte do PMDB, de acordo com Azevedo. O suborno foi entregue em forma de contribuição oficial.
Procurados pela Folha, Dilma, Palocci, Erenice, Lobão e Cardeal não se manifestaram.