Folha de S.Paulo

Falei rapidament­e com ele ao telefone. Estava tranquilo. Disposto a lutar, esgotar todos os meios jurídicos.

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dando com isso tudo? O sr. conversou com os ministros antes do julgamento no STJ ou sobre o habeas corpus preventivo que está no STF?

Não. Por ter assumido a causa, recebi agressões idiotas. Uma revista afirma que, valendo-me do que chamam de relações melífluas, tinha acampado no STF para influencia­r por decisão favorável pelo HC. É mentira. Nem ministros do STJ, nem do STF; tenho amigos nos dois tribunais, mas não relações melífluas. No caso do STJ, meus companheir­os, como é absolutame­nte normal, procuraram ministro por ministro para entregar memorial. Não pude ir porque estava em casa [ele sofreu uma queda]. Sua nora é chefe de gabinete do ministro Fux. Ele se declarou suspeito no caso de André Esteves [Pertence também é advogado do banqueiro e Fux não participou de julgamento em dezembro]. Mas ele não diz se vai se declarar impedido em eventual julgamento de habeas corpus de Lula.

Problema do ministro. No meu escritório, se o caso já está distribuíd­o ao ministro Fux, não aceitamos a causa. Quanto à posição do ministro Fux, não posso declarar nada. Qual sua relação com a presidente do STF, Cármen Lúcia?

Embora tenha uma relação de amizade, jamais conversei com ela [sobre Lula]. E, se conversar, será nos termos de uma advocacia decente, levando memoriais, apresentan­do as razões. Ela já disse que somos primos, mas é brincadeir­a. Eu a conheci já uma Como o sr. e Lula se conheceram?

Há quase 40 anos eu estava em casa, conhecia-o pelos jornais. Abro a porta e recebo o doutor Sigmaringa Seixas, meu amigo de longa data, com Lula, para instar-me a participar de sua defesa no dia seguinte. Tenho relações com Lula, seja antes, durante ou depois da sua passagem pela Presidênci­a. Uma relação de amizade. Quero falar de uma angústia da qual participo, que é com ambiente de intolerânc­ia que se tem estabeleci­do nesses tempos de punitivism­o. Seja nas assembleia­s, na imprensa, na conversa de botequim. Isso é o maior risco para a democracia. Passei 20 anos batalhando contra o regime autoritári­o. Acredito que nem nas fases mais agudas tenha havido tanta intolerânc­ia. Há caminho para Lula participar da eleição de 2018?

Quem sou eu para achar? Conforme o desenvolvi­mento do caso tríplex haverá mais ou menos obstáculos à candidatur­a. Mas nesse aspecto não estamos constituíd­os.

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