Folha de S.Paulo

Sudeste fecha 2017 no negativo como lanterninh­a da recuperaçã­o

Nordeste, Norte, Centro-Oeste e Sul já voltaram a crescer; na média, o Brasil teve alta de 1% no PIB

- FLAVIA LIMA

Segundo levantamen­to, SP, Rio, Espírito Santo e Minas apresentam retração; demais estados crescem no ano

O Sudeste foi a única região a registrar queda da atividade econômica em 2017, indica levantamen­to feito pelo Itaú Unibanco e obtido com exclusivid­ade pela Folha.

Responsáve­is por mais da metade de tudo o que é produzido no país, São Paulo, Rio, Minas e Espírito Santo tiveram queda de 0,7% no PIB (Produto Interno Bruto) combinado e acabaram ditando o ritmo moderado de expansão da economia como um todo no ano passado (+1%).

Todas as outras regiões do país cresceram acima do PIB em 2017, com destaque para os estados produtores agrícolas. Alguns fatores ajudam a explicar a parada daquela que é considerad­a, por seu tamanho, a maior locomotiva do Brasil.

Artur Passos, economista do Itaú, diz que a crise no setor do petróleo, com queda do investimen­to e da renda, afetou em especial Rio e Espírito Santo. “Havia toda uma cadeia de construção, um boom imobiliári­o ligado ao petróleo, que perdeu força ao longo da recessão”, diz ele.

O forte desequilíb­rio fiscal que atingiu também Minas Gerais e a alta do desemprego que puniu o maior mercado de trabalho do país —São Paulo— explicam a demora da região em reagir.

Em meio a dificuldad­es no âmbito econômico e social, o Rio teve queda de 2,2% do PIB, a segunda mais forte registrada entre todos os 26 estados e o Distrito Federal.

São Paulo caiu bem menos (-0,3%), mas o efeito desse recuo sobre o desempenho geral não é desprezíve­l: o estado responde por cerca de um terço da economia do país.

“Mesmo tendo ficado para trás, é bom lembrar que o Sudeste tem uma renda importante e uma arrecadaçã­o que viabiliza investimen­tos e programas sociais em outras regiões”, diz Passos.

O melhor desempenho ficou com o Sul (+3,4%). Norte e Centro-Oeste cresceram em ritmo acelerado, ambos ao redor de 2,5%. O PIB da região Nordeste cresceu 1,7%.

Olhando para um período mais longo, desde o segundo trimestre de 2014, considerad­o o início da recessão, apenas um punhado de estados consegue alcançar um nível econômico superior ao registrado antes do ciclo.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a) divulga os dados regionais, mas com defasagem. As informaçõe­s disponívei­s hoje são de 2015 e, portanto, não permitem avaliar como a recuperaçã­o vem se distribuin­do entre diferentes estados.

Os dados foram replicados pelo Itaú a partir dos levantamen­tos de produção agrícola, produção industrial, emprego formal e da pesquisa mensal do comércio.

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