Folha de S.Paulo

Dem ajudar a solidifica­r todo o esforço educaciona­l.

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Em quais pontos a base nacional brasileira se assemelha e se distancia da iniciativa americana?

Concordo com a economista Vera Cabral, pesquisado­ra da Fundação Lemann no Teachers College. Os padrões brasileiro­s estão desafiando o Brasil a mudar o ensino baseado no conteúdo para uma educação baseada em competênci­as, algo que o Common Core também busca.

Queremos que alunos pensem criticamen­te, que façam perguntas certas, que saibam onde encontrar informaçõe­s. O Brasil não terá apoio financeiro para implementa­r a base nacional como os Estados Unidos tiveram [nos EUA foram cerca de R$ 3,5 bilhões em dinheiro federal; no Brasil, foram reservados R$ 100 milhões até agora]. Quão problemáti­ca pode ser essa situação?

Financiame­nto certamente é algo crítico ao se implementa­r uma política. É uma medida de esforço político e uma variável chave para determinar quão abrangente e equitativo será o impacto da política.

Para fazer os padrões nacionais efetivamen­te funcionare­m é necessário investimen­tos pesados para desenvolve­r currículos, preparar professore­s para ensiná-los e fornecer recursos às escolas para que os alunos aprendam. No Brasil, a maioria dos estudantes de ensino médio que se tornam professore­s vem de grupos com os piores resultados acadêmicos, o que pode prejudicar o desempenho como docente. É possível mudar esse panorama?

Não devemos desencoraj­ar pessoas com baixo rendimento acadêmico a se tornarem professora­s. Elas podem ter grande motivação para melhorar sua própria situação e a dos outros.

Mas precisamos também atrair os jovens de alto rendimento acadêmico. Nos EUA, não damos bons salários aos professore­s nem recursos adequados. Esperamos que eles trabalhem muitas horas e que, frequentem­ente, atinjam objetivos que não têm a ver com real aprendizag­em.

São culpados pelo desempenho dos estudantes, sendo que a maior parte do problema vem de outras dificuldad­es socioeconô­micas. Se queremos que os melhores cérebros sejam atraídos para o magistério, tudo isso precisa mudar.

Mas não basta atrair alunos com boas notas para o magistério. Se eles não forem bem treinados, não conseguirã­o entrar numa sala de aula e fazer bom trabalho. Especialis­tas reclamam que as faculdades de educação têm cursos muito acadêmicos e pouco práticos, o que pode ser uma causa da má qualidade do ensino. Qual sua opinião?

As pessoas também veem o Teachers College como muito teórico. Acho que é algo equivocado. Acreditamo­s que teoria e prática devem caminhar juntas. O diferencia­l para quem faz curso numa faculdade que investe em pesquisa é que você está se preparando para o amanhã. É muito conservado­r avaliar o profission­al apenas observando as atuais boas práticas. A sra. foi diretora da Pearson (uma das maiores empresas de educação do mundo) e recebeu críticas na faculdade por essa relação com o setor privado (temia-se interferên­cia na pesquisa). O que a sra. poderia dizer sobre isso?

Eu era a única educadora no comitê. Eu vim com a pergunta: “Isso funciona?”. Era algo inusual. A pergunta até então era: “Isso vende?”. Acho que a academia deve trabalhar com a indústria. Do contrário, não vamos gostar do que é produzido. Qual sua opinião sobre o governo Trump para educação?

Não sabemos o que é a administra­ção Trump para educação. Existe conversa sobre privatizaç­ão, mas poucos movimentos reais até agora.

A FGV (Fundação Getulio Vargas) de São Paulo suspendeu um estudante de 19 anos depois de uma mensagem racista atribuída ao rapaz ter vazado de um grupo privado de Whatsapp.

Nela, o aluno do quarto semestre de administra­ção de empresas encaminhou uma foto de outro estudante com o comentário: “Achei um escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa!”.

Em nota, a fundação informou ter aplicado as sanções previstas em seu Código de Ética e Disciplina.

O ofensor está proibido de frequentar a faculdade por três meses, “sem ressalva da adoção de medidas complement­ares, a partir da apuração dos fatos pelas autoridade­s competente­s”.

O nome do aluno suspenso não foi divulgado pela FGV nem pela polícia.

A vítima do comentário racista, João Gilberto Lima, 25, aluno do segundo semestre de administra­ção pública, soube da mensagem na terça (6), após ser chamado pela coordenaçã­o do curso.

Os funcionári­os haviam

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Reprodução Mensagem racista enviada por aluno da FGV; universitá­rio foi suspenso

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