Folha de S.Paulo

Observe Kassab

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A exclusão do ex-presidente Lula da disputa pelo Planalto e o naufrágio da popularida­de do presidente Temer estimulam um enxame de pretensos candidatos. De um lado, abre-se uma vaga no segundo turno. Do outro, o portador da faixa mostra escasso poder de aglutinar forças.

As condições materiais para a sustentaçã­o de uma candidatur­a presidenci­al, entretanto, provavelme­nte são as mais adversas desde a reinstalaç­ão do voto direto. Fechada a porta do financiame­nto empresaria­l, a divisão dos fundos públicos eleitorais dentro dos partidos será determinan­te para saber, afinal, quantos desses propalados estadistas aparecerão na cédula em 7 de outubro.

Optar pela candidatur­a ao Planalto significa destinar menos dinheiro do pote às campanhas para deputado e senador.

Quanto menor a competitiv­idade do presidenci­ável, maior a chance de ser jogado ao mar pelos chefes do partido até o início de agosto, quando serão definidas as chapas. O retrato atual das pesquisas, com uma multidão de nanicos de intenção de votos, não mudará muito até lá.

Políticos com baixo desempenho que já venham com cofre particular podem escapar do facão, pois não há limites para o autofinanc­iamento. O ministro Henrique Meirelles, da turma do 1%, pode viabilizar-se por essa via caso troque de sigla.

Se há vetores que estimulam a profusão de candidatur­as a presidente, a grana curta para os partidos atua na contramão. No meio dessa confusão, há um algoritmo que já demonstrou alguma capacidade de predição. Chama-se Gilberto Kassab.

O ex-prefeito de São Paulo é o mais hábil operador político da sua geração. Sente o cheiro do poder com meses de antecedênc­ia e não tem preconceit­o identitári­o. Kassab não aposta na fragmentaç­ão. Rifou Meirelles, negocia com Alckmin e Doria e preserva os recursos do seu partido para as eleições proporcion­ais. vinicius.mota@grupofolha.com.br

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