Folha de S.Paulo

Arcadas nada arcaicas

A Faculdade de Direito da USP tem quase 200 anos. Não é pouco tempo, mas a São Francisco segue jovem e com muito por fazer

- FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO E CELSO FERNANDES CAMPILONGO www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

A Faculdade de Direito da USP tem quase 200 anos. Não é pouco tempo, mas a São Francisco segue jovem e com muito por fazer. É isso, afinal,o que nos motivou a assumir a direção do curso.

O momento é favorável, muito se fez recentemen­te. O ensino de graduação passou por mudanças relevantes, e as atividades de extensão se ampliaram.

Os próximos anos serão de desafios. Somos parte de universida­de pública, custeada pela sociedade. Por isso, não basta formar profission­ais, é preciso compromiss­o com a excelência: produzir pesquisas úteis, provocar pensamento crítico, contribuir para o desenvolvi­mento do país, ofertar atividades à comunidade. O desafio da excelência une servidores, alunos e professore­s.

Temos compromiss­o com a diversidad­e. As mudanças nos critérios do vestibular, iniciadas em 2015, têm alterado o corpo discente. Em 2020, metade dos ingressant­es virão de escolas públicas. Destes, cerca de um terço de cotas raciais.

O ganho em multiplici­dade social, racial e regional é notável. Enganou-se quem imaginava comprometi­da a qualidade. Os beneficiár­ios da seleção inclusiva são os melhores dentro de cada grupo. Nestes dois anos iniciais, o desempenho destes alunos não apresentou diferenças em relação ao conjunto.

Essas transforma­ções nos obrigam a desenvolve­r mecanismos de apoio, inclusive bolsas de permanênci­a e moradia.

Vivemos, porém, tempos marcados pelo sectarismo. O compromiss­o com a diversidad­e impõe também radicaliza­r o pluralismo e o debate de ideias, os melhores antídotos para a eugenia de pensamento.

Há o desafio da atualizaçã­o. Somos instituiçã­o tradiciona­l, mas com forte compromiss­o com a renovação. A cada ano recebemos mais jovens ambientado­s no mundo digital. Seguir ensinando como no século passado aumentaria o fosso cognitivo.

Obrigatóri­o repensar conteúdos e métodos de transmitir conhecimen­to. Estar num edifício tombado não nos condena a funcionar em instalaçõe­s precárias. O desafio é ser atual sem abrir mão da tradição.

O país atravessa período de grave crise política, institucio­nal e econômica. Direitos fundamenta­is são ameaçados. A São Francisco tem o dever de contribuir para os diagnóstic­os e as soluções.

Recolocar-se no debate nacional é outro desafio. Exige, além da mobilizaçã­o de seus membros, mecanismos eficientes de comunicaçã­o. Não basta falarmos para dentro, somos demandados a nos comunicar com a sociedade. Temos que divulgar as pesquisas que fazemos e as atividades de extensão.

Enfrentar esses desafios exige recursos. Eles não virão apenas dos cofres públicos, onde disputam inúmeras prioridade­s. É preciso criativida­de, buscar novas fontes, inclusive junto à sociedade. E vencer preconceit­os ideológico­s.

Receber recursos para financiar projetos transparen­tes, viáveis e objetivos não significa renunciar à autonomia, inegociáve­l. No mundo todo, universida­des reconhecid­as recebem doações e financiame­nto privado sem perder sua independên­cia.

A cada ano a São Francisco forma mais de quatro centenas de graduados, outros tantos mestres e doutores. A maioria ocupará posições de destaque no mercado. É passada a hora de facilitar seu engajament­o, ensejando a possibilid­ade de contribuir para a melhoria da faculdade. FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, CELSO FERNANDES CAMPILONGO,

Ao atacar a entrevista do secretário da Educação, na qual ele critica a política “meritocrát­ica” do governo, a Folha chama de “rasteiras” as posições dos sindicatos contra a política de bônus para o magistério (“Deseducaçã­o à paulista”, 11/3). O jornal se alinha às políticas retrógrada­s do PSDB no estado. A posição da Apeoesp contra o bônus tem respaldo, entre outros, nos estudos de Diane Ravitch, que ajudou a implantar o bônus no estado de Nova York, constatou seu fracasso e trabalha para que esta política seja varrida.

MARIA IZABEL AZEVEDO NORONHA,

Colunista Não dá para entender como Juca Kfouri, um jornalista brilhante, coerente, culto e de bom senso, sempre alerta a desvios e corrupção na área esportiva, ainda possa defender a expresiden­te Dilma Rousseff (“O golpe, agora, foi na CBF”, Esporte, 11/3). Será que ele esquece que ela e o padrinho dela deixaram o país nesta situação? E ainda a chama de presidenta...

WAGNER JOSÉ CALLEGARI,

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Será que a vida de crianças dependente­s de pais viciados no jogo não seria suficiente para que ele seja considerad­o como uma potencial [dano à] vida de terceiros?

MARCOS LEÃO

O problema não é o jogo em si, mas a porta escancarad­a que se abre para a lavagem de dinheiro.

MARA MARQUES

Democracia O que está sub judice não é a democracia, mas sim os representa­ntes do povo, que, em vez de agirem em favor dos interesses coletivos, atuaram em causa própria, ao arrepio da lei, com a perspectiv­a da impunidade. Nunca antes na história deste país a democracia esteve tão consolidad­a (“Democracia sub judice”, de André Singer, Opinião, 10/3).

IDELSON ALAN SANTOS

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