Arcadas nada arcaicas
A Faculdade de Direito da USP tem quase 200 anos. Não é pouco tempo, mas a São Francisco segue jovem e com muito por fazer
A Faculdade de Direito da USP tem quase 200 anos. Não é pouco tempo, mas a São Francisco segue jovem e com muito por fazer. É isso, afinal,o que nos motivou a assumir a direção do curso.
O momento é favorável, muito se fez recentemente. O ensino de graduação passou por mudanças relevantes, e as atividades de extensão se ampliaram.
Os próximos anos serão de desafios. Somos parte de universidade pública, custeada pela sociedade. Por isso, não basta formar profissionais, é preciso compromisso com a excelência: produzir pesquisas úteis, provocar pensamento crítico, contribuir para o desenvolvimento do país, ofertar atividades à comunidade. O desafio da excelência une servidores, alunos e professores.
Temos compromisso com a diversidade. As mudanças nos critérios do vestibular, iniciadas em 2015, têm alterado o corpo discente. Em 2020, metade dos ingressantes virão de escolas públicas. Destes, cerca de um terço de cotas raciais.
O ganho em multiplicidade social, racial e regional é notável. Enganou-se quem imaginava comprometida a qualidade. Os beneficiários da seleção inclusiva são os melhores dentro de cada grupo. Nestes dois anos iniciais, o desempenho destes alunos não apresentou diferenças em relação ao conjunto.
Essas transformações nos obrigam a desenvolver mecanismos de apoio, inclusive bolsas de permanência e moradia.
Vivemos, porém, tempos marcados pelo sectarismo. O compromisso com a diversidade impõe também radicalizar o pluralismo e o debate de ideias, os melhores antídotos para a eugenia de pensamento.
Há o desafio da atualização. Somos instituição tradicional, mas com forte compromisso com a renovação. A cada ano recebemos mais jovens ambientados no mundo digital. Seguir ensinando como no século passado aumentaria o fosso cognitivo.
Obrigatório repensar conteúdos e métodos de transmitir conhecimento. Estar num edifício tombado não nos condena a funcionar em instalações precárias. O desafio é ser atual sem abrir mão da tradição.
O país atravessa período de grave crise política, institucional e econômica. Direitos fundamentais são ameaçados. A São Francisco tem o dever de contribuir para os diagnósticos e as soluções.
Recolocar-se no debate nacional é outro desafio. Exige, além da mobilização de seus membros, mecanismos eficientes de comunicação. Não basta falarmos para dentro, somos demandados a nos comunicar com a sociedade. Temos que divulgar as pesquisas que fazemos e as atividades de extensão.
Enfrentar esses desafios exige recursos. Eles não virão apenas dos cofres públicos, onde disputam inúmeras prioridades. É preciso criatividade, buscar novas fontes, inclusive junto à sociedade. E vencer preconceitos ideológicos.
Receber recursos para financiar projetos transparentes, viáveis e objetivos não significa renunciar à autonomia, inegociável. No mundo todo, universidades reconhecidas recebem doações e financiamento privado sem perder sua independência.
A cada ano a São Francisco forma mais de quatro centenas de graduados, outros tantos mestres e doutores. A maioria ocupará posições de destaque no mercado. É passada a hora de facilitar seu engajamento, ensejando a possibilidade de contribuir para a melhoria da faculdade. FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO, CELSO FERNANDES CAMPILONGO,
Ao atacar a entrevista do secretário da Educação, na qual ele critica a política “meritocrática” do governo, a Folha chama de “rasteiras” as posições dos sindicatos contra a política de bônus para o magistério (“Deseducação à paulista”, 11/3). O jornal se alinha às políticas retrógradas do PSDB no estado. A posição da Apeoesp contra o bônus tem respaldo, entre outros, nos estudos de Diane Ravitch, que ajudou a implantar o bônus no estado de Nova York, constatou seu fracasso e trabalha para que esta política seja varrida.
MARIA IZABEL AZEVEDO NORONHA,
Colunista Não dá para entender como Juca Kfouri, um jornalista brilhante, coerente, culto e de bom senso, sempre alerta a desvios e corrupção na área esportiva, ainda possa defender a expresidente Dilma Rousseff (“O golpe, agora, foi na CBF”, Esporte, 11/3). Será que ele esquece que ela e o padrinho dela deixaram o país nesta situação? E ainda a chama de presidenta...
WAGNER JOSÉ CALLEGARI,
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Será que a vida de crianças dependentes de pais viciados no jogo não seria suficiente para que ele seja considerado como uma potencial [dano à] vida de terceiros?
MARCOS LEÃO
O problema não é o jogo em si, mas a porta escancarada que se abre para a lavagem de dinheiro.
MARA MARQUES
Democracia O que está sub judice não é a democracia, mas sim os representantes do povo, que, em vez de agirem em favor dos interesses coletivos, atuaram em causa própria, ao arrepio da lei, com a perspectiva da impunidade. Nunca antes na história deste país a democracia esteve tão consolidada (“Democracia sub judice”, de André Singer, Opinião, 10/3).
IDELSON ALAN SANTOS