Folha de S.Paulo

Centro-direitista Sebastián Piñera assume a presidênci­a do Chile

Em discurso, líder diz ser o momento da transição para um país com oportunida­de para todos

- SYLVIA COLOMBO

Temer fala com Macri e peruano PPK no evento sobre comércio e parceria de Mercosul e Aliança do Pacífico

Numa cerimônia no Congresso, na cidade costeira de Valparaíso, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet, de centro-esquerda, transmitiu neste domingo (11) a faixa presidenci­al pela segunda vez ao mesmo sucessor, o centro-direitista Sebastián Piñera.

O Chile não permite a reeleição consecutiv­a, mas libera um segundo mandato. O primeiro discurso depois de voltar ao cargo foi feito por Piñera da varanda do Palácio de La Moneda,emSantiago,paraonde retorna quatro anos depois.

Após reiterar promessas de campanha como “tirar o país do estancamen­to econômico dos últimos anos” e melhorar a segurança, disse que a transição para a democracia no país, que completou 28 anos neste domingo, já é parte do passado chileno. “Agora temos de realizar outra transição, para um Chile com oportunida­de a todos”.

Por fim, embora venha repetindo que não revogará a lei do aborto aprovada na gestão Bachelet, disse que fará, também, uma “campanha para apoiar a natalidade.”

Estiveram presentes à cerimônia em Valparaíso os mandatário­s Enrique Peña Nieto (México), Lenín Moreno (Equador), Evo Morales (Bolívia), Michel Temer (Brasil) e a vice-presidente uruguaia, Lucía Topolansky, mulher do ex-presidente José Mujica, além dos ex-presidente­s chilenos Ricardo Lagos e Eduardo Frei Ruiz-Tagle.

Pela manhã, Bachelet, que deixa o cargo com aprovação de 39%, se despediu da equipe que trabalha no Palácio de La Moneda e distribuiu abraços emotivos a funcionári­os.

O presidente brasileiro, Michel Temer, foi o último convidado a chegar à cerimônia, poucos minutos antes de Bachelet, que veio ao Congresso em carro aberto.

Do lado de fora do edifício, havia dois grupos, um de simpatizan­tes da presidente, que trouxeram cartazes com sua foto e gritaram seu nome. Outro, de apoiadores de Piñera, aplaudiu sua chegada com a mulher, Cecilia Morel, e estendeu faixa de boas-vindas.

A transferên­cia da faixa do cargo foi amistosa, com troca de sorrisos e um abraço. Depois, Piñera tomou o juramento de seus ministros.

No início da tarde, os presidente­s da região participar­am de um almoço. O argentino Mauricio Macri foi um dos mais aplaudidos e assediados pelo público e pelos jornalista­s, tendo sido escoltado até seu carro.

À Folha, a uruguaia Topolansky disse que se a questão da crise na Venezuela viesse à tona no almoço, ela se absteria de falar, “porque não gosto de me meter em temas de outros países”. O Uruguai vem sendo, junto com a Bolívia, dos países mais reticentes em criticar a ditadura de Nicolás Maduro.

Já Enrique Peña Nieto surpreende­u ao ser indagado sobre a perspectiv­a de encontrar-se com seu par norteameri­cano, Donald Trump, na Cúpula das Américas, que ocorre em Lima em abril.

“É possível que eu não vá”, disse, apressando o passo e sem dar mais explicaçõe­s.

A presença do mexicano até então era tida como assegurada. Porém, só neste fim de semana a Casa Branca confirmou oficialmen­te a participaç­ão de Trump. É possível que Peña Nieto queira evitar o encontro com o americano, com quem tem atritos, três meses antes da eleição presidenci­al em seu país. TEMER O brasileiro Michel Temer disse, ao final da cerimônia de posse de Piñera, que fez questão de vir cumpriment­álo por causa da “relação comercial fortíssima entre o Brasil e o Chile” e pelo alinhament­o liberal dos dois.

Temer manteve, também, uma breve reunião com Macri, na qual disse terem tratado do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.

Ele ainda acrescento­u que conversou com seu par peruano, Pedro Pablo Kuczynski, sobre uma parceria entre Mercosul e a Aliança do Pacífico.

 ?? Rodrigo Garrido/Reuters ?? Sebastián Piñera e a mulher, Cecilia Morel, acenam da varanda do Palácio de La Moneda
Rodrigo Garrido/Reuters Sebastián Piñera e a mulher, Cecilia Morel, acenam da varanda do Palácio de La Moneda

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