Folha de S.Paulo

China aprova fim do limite de mandato a Xi

Parlamento incorpora à Constituiç­ão mudança proposta pelo Comitê Central do Partido Comunista em fevereiro

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Dirigente, que assume segundo mandato, pode se perpetuar além de 2023, tornando regime mais personalis­ta

O Partido Comunista da China efetivou neste domingo (11) a anunciada mudança na Constituiç­ão para abolir o limite de dois mandatos presidenci­ais. Com isso, o dirigente Xi Jinping, que assume o segundo mandato de cinco anos, poderá se perpetuar no poder além de 2023.

A mudança agora aprovada pelo Parlamento, anunciada dia 25 pelo Comitê Central do Partido Comunista, consolida Xi como o líder mais influente do país desde que Deng Xiaoping deixou o poder, em 1992, e torna a ditadura partidária chinesa mais personalis­ta.

Entre as alterações anunciadas neste domingo estão a inserção do pensamento político de Xi na Constituiç­ão, já adicionado à Carta do partido no congresso de outubro, algo inédito desde Mao Tsetung (1893-1976).

Além disso, foram incluídas cláusulas para dar um de- senho institucio­nal a um novo departamen­to de combate à corrupção, uma das principais bandeiras de Xi, usada por vezes para afastar desafetos e amparar seu poder.

Os quase 3.000 delegados do partido aprovaram as mudanças, como esperado, com apenas dois votos contra e três abstenções. Xi foi o primeiro a emitir seu voto, seguido pelos outros seis membros do comitê permanente que controla o partido. Mas o dirigente não discursou.

O limite de dois mandatos presidenci­ais de cinco anos foi inserido na constituiç­ão da China em 1982. Deng, então líder o país, reconheceu o risco do culto à personalid­ade após o caos da Revolução Cultural e decidiu apoiar a liderança coletiva.

Nenhum dos dirigentes desde então — Jiang Zhemin (1993-2003) e Hu Jintao (20032013)— conseguiu impor-se ao mecanismo partidário da mesma forma que Xi, 64.

Shen Chunyao, presidente da Comissão Permanente dos Assuntos Legislativ­os do Comitê Permanente do Parlamento, rebateu preocupaçõ­es de que a mudança leve ao retorno ao sistema de poder de um homem só ou crie turbulênci­as internas.

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Jason Lee/Reuters O dirigente chinês, Xi Jinping (à dir.), cumpriment­a o

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