Folha de S.Paulo

Impacto no trânsito. “Estamos inibindo as infrações e aumentando a fluidez.”

-

nos índices de trânsito. O país estava crescendo bem nos anos 2010 e 2011, chegando a alcançar o posto de sexta maior economia do mundo —ultrapassa­ra o Reino Unido. A taxa de desemprego em São Paulo diminuíra de 14% (2009) para 11% (2011).

Mesmo assim, contrarian­do a lógica, a lentidão no tráfego sofreu naquele período uma redução de 84 km (2009) para 80 km no pico da manhã (2011) e, respectiva­mente, de 131 km para 108 km à tarde.

A explicação sugere que existe, sim, saída para a lentidão no trânsito, para além das oscilações econômicas.

Naquela época, houve a ampliação da rede do metrô e a reforma de diferentes estações de trens da CPTM, o que turbinou a utilização do transporte coletivo na cidade. Ocorreu ainda a implantaçã­o de uma política de restrição à circulação de caminhões na marginal Pinheiros.

O atual presidente da CET, João Octaviano, vinculado à gestão do prefeito João Doria (PSDB), diz que situação semelhante aconteceu no ano passado. “Fizemos grande investimen­to na fiscalizaç­ão. O desemprego melhorou o trânsito em 2016, mas agora o maior responsáve­l foi a reorganiza­ção do trabalho da CET.”

Octaviano diz que o aumento do efetivo da empresa, a recolocaçã­o das equipes em áreas críticas e a melhora no serviço de guincho provocaram NOVAS TECNOLOGIA­S O consultor Fichmann não cita a mudança na CET, mas afirma que outros fatores estão influencia­ndo a melhora do trânsito, além da crise.

“Com a disseminaç­ão das novas tecnologia­s, está caindo a demanda por viagens”, afirma, mencionand­o por exemplo a viabilidad­e de se realizar reuniões à distância e fazer compras pela internet.

Segundo ele, aplicativo­s que informam o melhor caminho ao motorista também ajudam, embora tenham um efeito colateral indesejado. “Despejam veículos nos chamados sistemas viários locais, que não foram capacitado­s para receber esse aumento do tráfego”, afirma.

Fichmann diz, por outro lado, não acreditar que modelos como o da Uber, por exemplo, estejam contribuin­do de modo significat­ivo para a melhoria do trânsito. “Não houve um aumento do índice de passageiro por automóvel.”

Brasiliens­e tem uma visão mais pessimista em relação ao impacto do uso das novas tecnologia­s na redução dos congestion­amentos. Considera que o efeito é mínimo.

“São Paulo precisa mesmo é ampliar muito o metrô e os corredores de ônibus e parar de fazer loteamento­s na periferia, que obrigam a população a fazer deslocamen­tos enormes”, diz. “Do jeito que vai, com a retomada da economia, só rezando vai dar para enfrentar o trânsito.”

Hoje, em São Paulo, sob a gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que deve ser o candidato do partido à Presidênci­a da República, todas obras de expansão de linhas do metrô estão com seus cronograma­s atrasados.

Último exemplo disso é a linha 6-laranja, que ligará a Brasilândi­a, no extremo norte, ao centro da cidade. O consórcio responsáve­l pela obra não conseguiu crédito no mercado, e o governo do estado agora trabalha para a quebra do contrato e uma nova licitação para o trecho.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil