Folha de S.Paulo

Bateu-se por uma cidade mais democrátic­a

- LUIZ CARLOS COSTA (1935-2018) FRANCESCA ANGIOLILLO EDGARD JAFET - Nesta segunda (12) às 12h, na igreja São José, r. Dinamarca, 32, Jardim Europa. MARIA ANGÉLICA MARCONDES DE ALMEIDA PIRES - Nesta terça (13) às 11h, na igreja São José, rua Dinamarca, 32, J

“Por que os problemas da principal cidade do país se agravam ao longo de décadas, enquanto os imensos recursos tecnológic­os hoje disponívei­s provocam avanços em outros campos da ciência e da economia?”

Eis uma questão que Luiz Carlos Costa sempre se colocava; parecia-lhe incongruen­te que o mundo melhorasse, mas sua amada São Paulo natal, não. Professor aposentado da FAU-USP, onde se graduou, tornou-se mestre e doutor, ele fez da cidade seu tema.

Bateu-se sempre em defesa de que ela se desenvolve­sse segundo um planejamen­to racional e inclusivo, que protegesse seus recursos e seus moradores, sobretudo os menos privilegia­dos, da especulaçã­o imobiliári­a.

Argumentav­a que o povo devia ser ouvido nos processos para implementa­r um Plano Diretor democrátic­o — acreditava no poder das audiências públicas e participou ativamente de movimentos como o Defenda São Paulo.

Escreveu vários artigos sobre urbanismo, alguns para a Folha, e mantinha um blog como maneira de expressar seus pontos críticos a respeito do Plano Diretor e de participar do debate público.

Arquiteto de inspiração modernista, reformou várias casas, inclusive aquela onde vivia com sua mulher, Maria de Lourdes, sempre na companhia de um cão pastor-alemão —foram quatro em sucessão.

Comprada há mais de 50 anos, a casa no Pacaembu tornou-se nos anos 1970 ponto de encontro para os amigos.

Costa costumava passear pelo bairro de mãos dadas com Lourdes, advogada com quem dividiu 57 anos de vida e a paixão pela cidade.

Muito curioso, gostava de fazer perguntas e mais perguntas aos garçons, aos motoristas e aos amigos das três filhas —uma das quais ouviu de um gerente de banco que os funcionári­os da agência disputavam quem iria atender aquele cliente sempre bem-humorado e sorridente.

Até poucos anos atrás, gostava de remar no mar perto da Barra do Sahy, onde tinha uma casa, protegido por um chapelão de palha que, ao lado da barba e da fronte ampla, o fazia parecido ao escritor Ernest Hemingway.

Tinha problemas nos rins e foi internado por causa de uma infecção, de cujas complicaçõ­es morreu na sexta (9), aos 82. Seu corpo foi enterrado no sábado, em São Paulo.

Deixa Lourdes e as filhas, Camila, Flávia e Paula —esta, ombudsman da Folha e mãe de Bento, seu único neto.

Deixa também o cão Samba e um livro sobre arquitetur­a e urbanismo, ao qual, após muita reescrita, dizia faltar apenas um capítulo. coluna.obituario@grupofolha.com.br 1 ANO SERVIÇO VOCÊ DEVE PROCURAR O SERVIÇO FUNERÁRIO MUNICIPAL DE SP: tel. (11) 3396-3800 e central 156 site: www.prefeitura.sp.gov.prefeitura. sp.gov.br/cidade/secretaria­s/ obras/servico_funerario/ Serão solicitado­s os seguintes documentos do falecido: Cédula de identidade (RG); Certidão de Nascimento (em caso de menores); Certidão de Casamento. ANÚNCIO PAGO NA FOLHA: tel. (11) 3224-4000 Segunda à sexta, das 8h às 20h Sábados e domingos, das 10h às 17h. AVISO GRATUITO NA SEÇÃO site: folha.com/mortes Até as 15h, ou até as 19h de sexta para publicaçõe­s aos domingos. Enviar número de telefone para checagem das informaçõe­s.

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Acervo Pessoal O arquiteto e urbanista Luiz Carlos Costa, em Inhotim

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