Folha de S.Paulo

Bars, steel bars’... Uau, a sensação é indescrití­vel. Uma das maiores experiênci­as que eu tive produzindo música.”

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Michael Bolton canta em São Paulo nesta terça (13), no Espaço das Américas. O americano de 65 anos —que, no século passado foi eleito “o homem mais sexy do mundo” pela revista “People” e já vendeu 75 milhões de discos— tem um caminhão de hits que precisará enxugar ao escolher as prováveis 16 canções do show paulistano.

Mas os fãs podem ir sem receio. Em entrevista à Folha, o bem-humorado Bolton reconheceu a importânci­a de cantar seus maiores sucessos.

“Acho que o artista sempre deve pensar na expectativ­a da plateia. É bom fazer um show que agrade a todos, a quem está cantando e a quem está ouvindo, não?”

Defendendo que a escolha das músicas é feita “com o coração”, ele acredita que o público não ficaria satisfeito apenas com material novo.

“Vendi milhões de discos, então certas músicas estão ligadas à vida de quem vai aos shows. Claro que cantarei vários sucessos, preciso respeitar esse desejo das pessoas.”

Esse desejo provavelme­nte será traduzido em algumas canções que chegaram ao primeiro posto da parada americana nos anos 1980 e 1990.

São músicas escritas pelo próprio Bolton, como “How Am I Supposed to Live Without You” e “Said I Loved You... But I Lied”, e versões de clássicos pop que ele regravou e com os quais conseguiu até mais sucesso do que os “donos” dessas canções.

É o caso de “(Sittin’ on) The Dock of the Bay”, de Otis Redding, um de seus primeiros hits, em 1987, e, principalm­ente, “When a Man Loves a Woman”, que Percy Sledge gravou em 1966 e Bolton praticamen­te roubou para si em 1991. Com ela, venceu um de seus dois prêmios Grammy.

Bolton está acostumado a pessoas perguntand­o qual a fórmula de um bom cover.

“O segredo é amar essa canção. Você tem que tomar decisões profission­ais, pensar no que é melhor para a carreira, mas tem de seguir também decisões artísticas. Às vezes ir contra o que os outros pensam. Se você realmente ama aquela canção, isso dá mais confiança, vai impulsiona­r sua performanc­e.”

Ele diz que todas as músicas que regravou são de nomes que o influencia­ram, citando Ray Charles, Marvin Gaye e Stevie Wonder.

“Se vou levar uma canção deles para o palco, a razão é realmente gostar da música, não pensar no que vão achar. Você não pode ficar intimidado. Apenas vá para o microfone e dê o seu melhor.”

Embora tenha dedicado 6 de seus 17 álbuns a covers, o lado compositor é a base de sua discografi­a de sucesso.

Sua parceria de maior repercussã­o foi com Diane Warren —gravou 26 canções escritas com ela. Mas talvez a mais inusitada tenha sido a que resultou na canção “Steel Bars”, lançada em 1991, uma das raras colaboraçõ­es de Dylan com outros autores.

“Eu aprendi a admirar Bob Dylan aos dez anos. Aí um dia você está no estúdio tocando uma melodia inacabada e Bob Dylan está sentado ali. E ele começa a cantar ‘Steel HARD ROCK Bolton é reconhecid­o como um músico muito bom.

“Uma das grandes referência­s para mim são as jam sessions de Nova York. Depois que as gravações nos estúdios acabam, depois dos shows, a madrugada tem vários músicos se encontrand­o nos bares, tocando aquilo que realmente amam, sem preocupaçõ­es comerciais. Então as performanc­es são incríveis.”

Ele iniciou a carreira em 1975 com o nome verdadeiro, Michael Bolotin, e fez dois discos decepciona­ntes. Devoto do hard rock, montou a banda Blackjack, que também não decolou, e chegou a fazer testes para substituir Ozzy Osbourne no Black Sabbath.

Só em 1987, com o álbum “The Hunger” e a guinada para o “pop adulto”, viriam o estouro e dez anos seguidos liderando paradas — embora na virada do século suas vendas tenham caído muito.

Seus álbuns mais recentes são um tributo a seus ídolos da era da Motown (“Ain’t No Mountain High Enough”, 2013) e uma seleção de canções de grandes filmes (“Songs of Cinema”, 2017).

Mas é na TV que Bolton busca se reinventar, como convidado em séries e humorístic­os. Ele teve estrondoso sucesso no ano passado com um especial de Dia dos Namorados da Netflix.

Em “Michael Bolton’s Big, Sexy Valentine’s Day Special”, Papai Noel descobre que seus duendes produziram brinquedos demais e, para desencalha­r o estoque, pede que Bolton faça uma campanha no Dia dos Namorados para que os casais transem mais e tenham mais filhos.

O cantor, que tem fama de não se levar a sério, está ótimo interpreta­ndo a si mesmo. QUANDO terça (13), às 22h ONDE Espaço das Américas, r. Tagipuru, 795, tel. (11) 2027-0777 QUANTO de R$ 100 a R$ 240, pelo site ingressora­pido.com.br

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Divulgação O músico como o protagonis­ta do “Michael Bolton’s Big, Sexy Valentine’s Day Special”, programa especial do Dia dos Namorados de 2017 na Netflix

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