Folha de S.Paulo

Grávida morre com bala perdida, e PM é assassinad­o em assalto no RJ

Bebê está internado em estado grave e, até a noite desta segunda, respirava com ajuda de aparelhos

- DECISÃO PROVISÓRIA SAÚDE

Sob intervençã­o há quase um mês, estado teve final de semana com pelo menos sete pessoas assassinad­as DO RIO

Após quase um mês sob intervençã­o federal na segurança pública, o Rio de Janeiro teve nesta segunda-feira mais um dia de mortes violentas. Um PM e uma jovem grávida morreram baleados.

Dandara Helena Damasceno de Souza, 21, estava grávida e foi baleada na cabeça em Padre Miguel, zona oeste da capital. Segundo o batalhão, não havia operação policial na região nesta manhã. A Polícia Civil investiga o crime.

Segundo a prefeitura, uma cesariana de emergência foi feita na jovem, e o bebê sobreviveu —este, porém, até a noite desta segunda permanecia em estado grave na UTI. O menino, que pesa 900 gramas, respira com a ajuda de aparelhos. A gestação de Dandara estava na 25ª semana.

“As próximas 48, 72 horas serão fundamenta­is para qualquer tipo de prognóstic­o”, disse o coordenado­r da maternidad­e do Albert Schweitzer, Jucinei Pacheco, em entrevista à TV Globo.

Mais cedo, o cabo da UPP Leonardo de Paula da Silva, 35, foi morto em uma tentativa de assalto na linha Amarela —via expressa que liga as zonas norte e oeste do Rio.

Segundo a PM, criminosos fecharam a via para cometer roubos. O policial reagiu e acabou baleado. O PM, que era lotado na UPP da Vila do João, no Complexo da Maré, e estava na corporação há oito anos, é o 23º PM assassinad­o este ano no Estado —foram 134 em todo o ano passado.

Policiais, porém, também estão matando mais. Após uma queda de 2007 a 2013, o número de homicídios decorrente­s de oposição à intervençã­o policial está de volta a patamares anteriores à gestão de José Mariano Beltrame na Secretaria de Segurança (20072016). Em 2017, 1.124 pessoas foram mortas pela polícia.

As mortes desta segundafei­ra ocorreram após um fim de semana violento na região metropolit­ana do Rio. Entre sexta (9) e domingo (11), ao menos sete pessoas morreram de forma violenta na região. GRAVE CRISE O Rio de Janeiro passa por uma grave crise política e econômica, com reflexos diretos na segurança pública. Desde junho de 2016, o Estado está em situação de calamidade pública e conta com o auxílio das Forças Armadas desde setembro do ano passado.

Não há recursos para pagar servidores e para contratar PMs aprovados em concurso. Policiais trabalham com armamento obsoleto e sem combustíve­l para o carro das corporaçõe­s. Faltam equipament­os como coletes e munição.

Em meio à crise, a política de Unidades de Polícia Pacificado­ra ruiu –estudo da PM cita 13 confrontos em áreas com UPP em 2011, contra 1.555 em 2016. Nesse vácuo, o número de confrontos entre grupos criminosos aumentou.

Com a escalada nos índices de violência, o presidente Michel Temer (MDB) decretou a intervençã­o federal na segurança pública do Estado, medida que conta com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB.

Temer nomeou como intervento­r o general do Exército Walter Braga Netto. Ele, na prática, é o chefe dos forças de segurança do Estado, como se acumulasse a Secretaria da Segurança Pública e a de Administra­ção Penitenciá­ria, com Polícia Militar, Civil, bombeiros e agentes carcerário­s sob o seu comando.

Apesar da escalada de violência no Rio, que atingiu uma taxa de mortes violentas de 40 por 100 mil habitantes no ano passado, há outros Estados com patamares piores. No Atlas da Violência 2017, com dados até 2015, RJ tinha taxa de 30,6 homicídios para cada 100 mil habitantes, contra 58,1 de Sergipe e 52,3 de Alagoas.

DO AGORA

Uma bancária de 27 anos morreu após ser baleada nas costas durante uma tentativa de roubo na agência onde trabalhava, na manhã desta segunda (12), em São Bernardo do Campo (ABC).

O tiro, diz a polícia, saiu da arma de um dos vigilantes que reagiu ao assalto. Com os criminosos foi encontrada apenas uma pistola de brinquedo.

Segundo a polícia, dois criminosos entraram no banco Mercantil do Brasil. Um deles, que usava a pistola de brinquedo, tentou pegar um revólver calibre 38 do vigilante.

O segurança reagiu e os dois entraram em luta corporal. O funcionári­o chegou a cair no chão e disparou. Outro segurança também atirou e acertou um dos suspeitos — que não estava armado.

A supervisor­a Michelle Bertoloni estava próximo da porta do banco. Atingida, morreu na hora.

O delegado Sandro Mazzo disse que precisa esperar pelo laudo balístico para saber de qual revólver dos vigias saiu a bala. “Não foi um disparo intenciona­l. Por isso, serão liberados”, disse.

Familiares da bancária, que era formada em administra­ção de empresas, contaram que ela trabalhava havia sete anos no banco e tinha sido promovida ao cargo de supervisor­a na semana passada.

O banco disse que sua prioridade no momento é dar suporte aos familiares de Michelle e aos colaborado­res da agência.

 ?? Jose Lucena - 10.mar.2018/Futura Press/Folhapress ?? Movimentaç­ão de homens do Exército na Vila Kennedy, na zona norte do Rio, durante intervençã­o federal na segurança
Jose Lucena - 10.mar.2018/Futura Press/Folhapress Movimentaç­ão de homens do Exército na Vila Kennedy, na zona norte do Rio, durante intervençã­o federal na segurança

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil