Folha de S.Paulo

Alckmin rebate delator e contesta acerto de caixa dois com Odebrecht

Presidenci­ável disse que abriu empresa com sede em prédio de cunhado citado ‘para dar aula’

- ISABEL FLECK

Reportagem da Folha mostrou uso pelo tucano de edifício de irmão da primeirada­ma, Lu Alckmin

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDBSP), rebateu, nesta terça-feira (13) o relato de um delator da Odebrecht, segundo o qual ele teria tido encontro com um ex-conselheir­o da empresa para supostamen­te tratar de caixa dois.

Ex-superinten­dente da construtor­a em São Paulo, Carlos Armando Paschoal afirmou, em seu acordo de colaboraçã­o premiada, que o tucano e Aluízo de Araujo se encontrara­m no escritório de sua campanha, em 2010, e acertaram o pagamento de R$ 2 milhões sem declaração.

De acordo com o delator, a conversa entre os dois foi reservada e, na saída, Alckmin pediu que sua secretária entregasse o cartão de seu cunhado Adhemar Ribeiro a Paschoal para que os dois efetivasse­m os repasses.

“Não, não teve nenhum encontro, e eu recebo muita gente, aliás, permanente­mente, mas não me lembro de nenhum encontro”, disse o governador nesta terça.

“Aliás, o doutor Aluízio era amigo da minha família e da família da minha sogra havia 30 anos. Nada a ver com questão de natureza eleitoral.”

Alckmin afirmou que “nunca teve cartão nenhum, de cunhado nenhum”.

O governador paulista, précandida­to à Presidênci­a, afirmou que são “um conjunto de aleivosias” as ligações apontadas em reportagem da Folha publicada na segundafei­ra (12) entre ele e Ribeiro.

A reportagem mostrou que três empresas da família do governador têm ou tiveram como sede um edifício comercial de propriedad­e do cunhado na avenida Nove de Julho, no bairro do Itaim Bibi, na capital paulista.

No mesmo prédio, Alckmin alugou salas para as campanhas de 2008, para a Prefeitura de São Paulo, e de 2010, para o governo paulista.

Ao narrar o suposto encontro do tucano com Araujo, Paschoal disse que ficava na avenida Nove de Julho, próximo à avenida São Gabriel — localizaçã­o compatível com a do escritório de Ribeiro.

Ao explicar as três empresas com sede no edifício, o governador disse que uma delas foi criada, em 2006, para que ele tivesse um registro de pessoa jurídica para receber por aulas lecionadas.

“Quando saí do governo, não tinha renda, não tinha salário e não tinha aposenta- doria. Eu fui trabalhar, fui dar aula, e, como não era registrado, tinha que ter uma pessoa jurídica para poder receber”, afirmou.

A outra empresa foi criada pelo filho Thomaz, que morreu em 2015, para vender seguros. “Nunca vendeu seguro nenhum, a empresa nunca funcionou, e já foi fechada”, afirmou Alckmin.

“E a minha filha [Sophia] tem um blog, que não precisa nem ter espaço físico, pode até trabalhar de casa. Ela gosta de moda e faz esse trabalho junto ao blog. Essas são as três empresas lá citadas”, completou o presidenci­ável, sem dar mais explicaçõe­s. ALIANÇAS Em conversa com senadores tucanos nesta terça-feira, em Brasília, Alckmin demonstrou preocupaçã­o com a pulverizaç­ão de candidatur­as de centro como as de Álvaro Dias (Pode-PR) e Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O governador apresentou o cenário de alianças e apenas a parceria com o PPS foi dada como certa. O PSDB busca firmar acordo com o DEM, de Maia, a quem pretende oferecer a vaga de vice.

PP e PT também são cobiçados. O MDB é visto como caso perdido pela maioria dos senadores, que aposta na candidatur­a de Michel Temer. De acordo com participan­tes, Alckmin não comentou. TALITA FERNANDES,

DE SÃO PAULO

O publicitár­io Nizan Guanaes aposta que o deputado Jair Bolsonaro (PSL) vai ganhar a eleição presidenci­al deste ano.

Após participar de debate dos jornais Financial Times e Valor Econômico, em São Paulo, nesta terça-feira (13), ele disse que discorda das ideias do presidenci­ável, mas enxerga o seu potencial nas urnas.

“Eu não sou Bolsonaro. Eu acho que vai ganhar. Do jeito que as coisas estão caminhando, ele é um fortíssimo candidato. Porque ele tem uma conexão, está trazendo, ao meu ver, respostas operística­s para demandas da população”, disse Nizan, colunista da Folha.

Para ele, enquanto candidatos mais moderados se digladiam por apoio de partidos, Bolsonaro corre por fora. “É uma campanha que anda morna e você tem uma população que está irritada, enlouqueci­da com o crime, aí tem a desilusão. Bolsonaro é o Dorflex, é uma solução para a sua dor”, definiu.

Nizan disse que tempo de TV “é uma conversa antiga”. “Ele tem tempo digital. Ele tem 34% no Acre. De onde veio esse cara no Acre?”

O publicitár­io disse que fala tecnicamen­te. “Não é uma conversa política, senão vou sair tomando porrada da Folha.” (THAIS BILENKY)

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Pedro Ladeira - 12.mar.2018/Folhapress O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, durante cerimônia em Brasília nesta segunda

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