Folha de S.Paulo

Justiça do Peru aprova 3º pedido de extradição de Alejandro Toledo

-

Ex-presidente é acusado de receber US$ 20 milhões da Odebrecht

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A Corte Suprema do Peru aprovou nesta terça-feira (13) mais um pedido de extradição do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006), acusado de ter recebido US$ 20 milhões de propina da Odebrecht e que estaria foragido nos EUA.

Caso seja aprovada pelo Conselho de Ministros, que será o responsáve­l por remetê-la às autoridade­s americanas, a solicitaçã­o de extradição será a terceira visando o ex-mandatário desde que a Justiça decretou sua prisão preventiva, em fevereiro de 2017.

O novo pedido, feito no mês passado pelo juiz Richard Concepción Carhuancho, responsáve­l pelos processos da Lava Jato no Peru, foi aprovado unanimemen­te pelos cinco juízes da Sala Penal do tribunal máximo.

Toledo é acusado oficialmen­te de tráfico de influência, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. A Odebrecht venceu a licitação da Rodovia Interoceân­ica, entre Lima e a fronteira com o Brasil. A estrada foi inaugurada em 2006.

O paradeiro do ex-presidente é desconheci­do desde a decretação da primeira prisão preventiva, quando ele lecionava na Universida­de da Califórnia em Berkeley. Desde então, o Peru pede sua extradição, mas a primeira solicitaçã­o foi recusada por falta de informaçõe­s, e a segunda ainda está em análise.

O advogado de defesa do peruano, Heriberto Benítez, disse que seu cliente é “vítima de uma perseguiçã­o política” orquestrad­a pelo atual presidente, Pedro Pablo Kuczynski, que serviu como ministro das Finanças do antecessor e também está envolvido no caso Odebrecht.

Há uma semana, o promotor Abel Salazar havia instado o tribunal a declarar procedente a extradição devido às provas arroladas. Já a defesa aponta como evidência da interferên­cia política o pedido de Kuczynski a Donald Trump para expulsar Toledo.

No entanto, Benítez expressou a confiança de que a extradição será finalmente rejeitada pelos Estados Unidos.

O juiz que ordenou o pedido de extradição também manteve a detenção preventiva do ex-presidente Ollanta Humala (2011-2016), preso desde julho pelo suposto recebiment­o de US$ 3 milhões para sua campanha eleitoral.

A empresa brasileira, que optou por cooperar com a Justiça, revelou que pagou US$ 29 milhões em propinas no Peru de 2005 a 2014, ao longo de três governos.

Um tribunal ordenou, em fevereiro, o congelamen­to das contas bancárias de Toledo no Peru. Um funcionári­o da Odebrecht indicou que ele também recebeu US$ 700 mil para sua campanha de 2011, na qual perdeu para Humala. Seu advogado nega.

O delator também confessou que a construtor­a deu contribuiç­ões em 2006 para Alan García (2006-2011) e em 2011 para Kuczynski e para a líder da oposição Keiko Fujimori. Todos negam.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil