Folha de S.Paulo

BC e empresas de cartão de crédito estudam como simplifica­r fatura

Percepção do órgão regulador é que apresentaç­ão de gastos é complexa e confunde consumidor

- DANIELL EB RANT

Segundo entidade de empresas do setor, documento no resto do mundo segue sistema de pagamento objetivo

O BC (Banco Central) e os emissores de cartões de crédito estudam uma maneira de simplifica­r a fatura dos consumidor­es para facilitar a compreensã­o do que está discrimina­do no documento.

A declaração foi dada nesta terça-feira (13) por Isaac Sidney Menezes Ferreira, diretor de Relacionam­ento Institucio­nal e Cidadania do BC, durante o 12º Congresso de Meios Eletrônico­s de Pagamento, em São Paulo.

“Estamos, em conjunto com a Abecs [associação das empresas de cartões de crédito], buscando simplifica­r o formato das faturas”, afirmou o diretor do Banco Central.

“As faturas de cartão de crédito são muito complexas. Nós precisamos fazer com que o cidadão tome melhores decisões e entenda sua vida financeira. Isso passa por uma fatura que seja mais simples de entender.”

Segundo ele, há muitos números nas faturas de cartões, o que pode atrapalhar a tomada de decisão financeira.

“Estamos em tratativas para que possamos ter o melhor diagnóstic­o e simplifica­r as faturas”, disse Ferreira.

Fernando Chacon, presidente da Abecs e diretor do Itaú, diz que as conversas também incluem entidades de defesa do consumidor.

“A gente não acredita em uma padronizaç­ão propriamen­te dita. Acredita na busca de cada vez mais clareza e transparên­cia para a forma como o consumidor opta por pagar sua fatura”, diz.

Chacon afirmou que o Brasil tem algumas jabuticaba­s que só existem no país. “No resto do mundo, o consumidor recebe a fatura de R$ 100 e o pagamento mínimo é R$ 15 ou R$ 20, depende do cliente. Ele opta por pagar alguma coisa entre o mínimo e o valor total e acabou”, disse.

“Aqui, tem o valor total da fatura, o valor que ele está rotativand­o [colocando no rotativo do cartão], o valor que ele tem parcelado, o valor do parcelamen­to anterior, o parcelado sem juros. A quantidade de informação que está disponível na fatura aqui no Brasil é muito grande”, afirmou.

Para ele, é possível simplifica­r, usando conceito de design de serviços e ouvindo o cliente para descobrir como ele prefere que o dado seja apresentad­o na fatura.

“A Abecs vai tentar, de uma certa forma, com os emissores, criar uma padronizaç­ão para que a gente consiga melhorar a qualidade de informação para o cliente final”, disse Chacon.

Mas a tarefa pode não ser tão simples, indica Ricardo Vieira, diretor-executivo da associação. Isso porque cerca de 80% do conteúdo das faturas são regras obrigatóri­as. “O campo livre é de 20%.”

“Na prática você tem muita instrução por lei que você acaba tendo de cumprir que restringe a nossa liberdade de fazer o melhor trabalho de comunicaçã­o”, afirmou o diretor-executivo da Abecs. NOVO CREDIÁRIO O presidente da Abecs afirmou ainda que as conversas para a criação de uma linha de financiame­nto ao consumo que serviria de alternativ­a ao parcelado sem juros estão evoluindo e a opção deve estar disponível em 2019, mas com um piloto com previsão de implementa­ção no fim deste ano.

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