National Geographic diz que fez cobertura racista por décadas
Em mea-culpa, revista afirma ter ignorado negros dos EUA e apartheid, além de tratar nativos de forma estereotipada
Em 1960, aborígenes foram identificados em fotografia como ‘seres humanos de menor inteligência’
Em artigo de sua edição de abril, integralmente dedicada a discutir questões raciais, a revista americana National Geographic avaliou seu próprio passado e concluiu ter feito uma cobertura racista por décadas.
Entre os erros que o texto identificou, assinado pela editora-executiva, Susan Goldberg, estão ter deixado de fora de suas páginas negros que moravam nos EUA até os anos 1970 e ignorado o apartheid na África do Sul em reportagem de 1962 sobre o país.
Ela também apontou que foram usados clichês para descrever nativos de partes variadas do mundo, muitas vezes nus e acompanhados de adjetivos como nobres selvagens ou felizes caçadores. Essa distinção estereotipada entre povos civilizados e exóticos não civilizados apareceu, por vezes, em imagens em que nativos se deslumbravam com artefatos tecnológicos.
Mais do que isso, Goldberg afirmou que publicações encontradas no arquivo da revista são de deixar leitores de hoje sem fala. Por exemplo, identificação de foto de dois aborígenes australianos em 1960 dizia: “Esses selvagens estão entre os seres humanos de menor inteligência”.
Goldberg escreveu que, quando a Redação decidiu tratar de questões raciais nas páginas da revista, percebeu ser necessário avaliar o próprio racismo antes de apontar os erros dos outros.
A pesquisa foi feita por John Edwin Mason, professor da Universidade da Virgínia e especialista em história da África e da fotografia.
Ele disse que, ao contrário de outras publicações, a National Geographic pouco fez para incentivar seus leitores a ir além de estereótipos sobre outros povos arraigados na cultura branca americana. MUDANÇAS