Folha de S.Paulo

Ante recusa de Cármen, Lula apela a Fachin contra prisão

Defesa de petista pede que relator da Lava Jato suspenda eventual detenção

- REYNALDO TUROLLO JR. ANGELA BOLDRINI

Presidente do STF não quer pautar habeas corpus; em SP na terça, ela disse que não vai se submeter a pressão

Ante a resistênci­a da ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, de marcar o julgamento do habeas corpus que visa evitar a prisão do ex-presidente Lula, a defesa do petista voltou a mirar o relator do caso, Edson Fachin.

No início da tarde desta quarta (14), o ex-ministro do STF e advogado de Lula, Sepúlveda Pertence, reuniu-se com Cármen Lúcia e disse ter ouvido dela que não há previsão para o plenário da corte julgar o habeas corpus pedido pela defesa. Fachin negou liminarmen­te em fevereiro o habeas corpus e decidiu enviá-lo ao plenário, composto pelos 11 ministros.

À noite, Pertence protocolou nova petição endereçada a Fachin. Nela, a defesa pede, em primeiro lugar, que Fachin reconsider­e sua decisão liminar e suspenda uma eventual ordem de prisão contra Lula até que o Supremo julgue duas ações que discutem a prisão após condenação em segunda instância —tema que divide os ministros.

O STF passou a autorizar a prisão após condenação em segundo grau, antes de esgotados todos os recursos, em 2016, em votação apertada (6 votos a 5). Desde então, há duas ações que tramitam no tribunal e discutemac­onstitucio­nalidadeda chamada execução provisória da pena —mas Cármen Lúcia tem evitado pautá-las.

Caso Fachin não reconsider­e sua liminar, a defesa quer que ele leve o caso à Segunda Turma do STF, e não ao plenário. O colegiado é composto por cinco ministros: Celso de Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowsk­i e Dias Toffoli, além de Fachin.

Essa turma é vista como mais garantista, e alguns de seus ministros, como Gilmar e Toffoli, têm concedido habeas corpus para evitar a prisão ou soltar pessoas condenadas em segundo grau que ainda tenham recursos pendentes nos tribunais superiores.

Segundo a defesa, a Segunda Turma é o juiz natural para analisar o habeas corpus de Lula, pois já julgou casos semelhante­s da Lava Jato. O último pedido dos advogados, se os anteriores não forem atendidos, é que Fachin coloque o habeas corpus “em mesa” para o plenário julgá-lo. No jargão do STF, colocar em mesa é apresentar à presidênci­a um processo que está fora da pauta para que seja votado.

À noite, parlamenta­res do

 ??  ?? Ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence e presidente do tribunal, Cármen Lúcia, em audiência no gabinete da ministra
Ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence e presidente do tribunal, Cármen Lúcia, em audiência no gabinete da ministra

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil