‘Existe uma usina de intrigas’, diz Ciro Gomes sobre relação com Lula
Em evento em São Paulo, presidenciável do PDT afirmou ser amigo há anos do ex-presidente
Sobre PT, declarou que sigla facilitou ‘chegada de quadrilheiros ao poder’, a começar por Temer como vice
O pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) afirmou nesta quarta-feira (14) que existe uma usina de intrigas sobre a relação dele com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pedetista tem sido criticado em meios petistas por declarações negativas sobre Lula e o PT.
O presidenciável afirmou que as razões disso são impedir a união dos partidos de esquerda no segundo turno. Ele vê ainda estratégia do PT para garantir o capital político de Lula numa transferência de votos ao indicado por ele.
“O Lula para mim não é um mito ou uma figura distante, mas um amigo de muitos anos. Muitos anos. Desde 1988, quando era um jovem prefeito de Fortaleza e ele uma mirabolância, uma promessa”, afirmou Ciro, ao ser questionado por jornalistas sobre declarações recentes do ex-presidente.
Ex-ministro do petista, Ciro disse que a única verdade no que é dito é que ajuda Lula há 16 anos.
Ele afirmou que não é crítico ao PT, mas ao modelo econômico adotado pela sigla e por ter facilitado a “chegada de quadrilheiros ao poder, a ponto de colocar Mi- chel Temer como vice”.
Ciro declarou mais uma vez que Lula, condenado em segunda instância por corrupção, não estará na disputa à Presidência, o que diz considerar injusto. O pré-candidato também negou que pediu ao ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, cotado como plano B do PT para o Planalto, que fosse seu vice.
“Eu nunca procurei o Haddad para ser meu vice. Me perguntaram o que achava e disse que seria um ‘dream team’ [time dos sonhos]. Nunca esteve na minha cogitação que seria meu vice. O PT o lançará candidato e é natural que o faça”, afirmou.
O presidenciável negou ainda que haja diálogos nesse sentido com Marina Silva (Rede), por quem afirma ter grande estima. “Como posso querer a Marina de vice se ela é maior do que eu?”, disse. A ex-senadora está à frente do pedetista no Datafolha.
Segundo o pré-candidato, ainda não é momento para definições de alianças. Ele afirmou que tem falado com o PSB, partido ao qual foi filiado no passado e no qual diz ter amizades profundas. Questionado sobre a proximidade com Márcio França, précandidato pela sigla ao governo de São Paulo, Ciro disse que tem falado com o vice de Alckmin e que torce muito por ele. “Não sei qual será o destino do PDT, mas ele fará história em São Paulo.”
Sobre a possibilidade de Jair Bolsonaro (PSL) vencer a eleição, o presidenciável afirmou que há resignação em São Paulo diante da candidatura do deputado. “Vejo em São Paulo uma certa resignação de que o Alckmin não dando no couro, ele vai virando um mal menor para esse mundo criptoconservador. Não consigo ver isso. Há muita inconsistência.”
O presidenciável fez palestra para um público de empresários na zona sul de São Paulo. No discurso, defendeu o livre comércio, a reforma fiscal, a mudança na política cambial do país, a tributação sobre herança e lucros e dividendos, além de uma reforma tributária.
Questionado se seu projeto econômico para o país se assemelhava ao da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Ciro disse que era como comparar água e vinho e criticou a política de desoneração praticada no governo da petista. Apesar de discordar de Dilma, o pré-candidato também saiu em defesa da petista, dizendo que ela sofreu impeachment sem praticar crime, dando lugar a uma “quadrilha de ladrões”.
DE BRASÍLIA
Henrique Meirelles ainda não decidiu se vai disputar o Planalto, mas elencou nesta quarta-feira (14) a garantia de emprego como prioridade de seu eventual governo.
Em um esforço para aumentar capilaridade política e melhorar sua imagem —considerada bastante técnica e sisuda entre os eleitores—, o ministro da Fazenda respondeu a perguntas em sua página no Twitter, em que listou dados da economia, mas também falou sobre seus cachorros e memes que ironizam sua, por ora, pouco empolgante candidatura.
“Tenho cinco cachorros e gosto de todos. A mãe e quatro filhos. A que apareceu no Instagram é a filha mais velha, a Trica. É uma farra. Acho que cachorro é movimento, uma presença afetiva que faz muito bem a todos, eu aconselho”, disse.
Além do uso mais frequente das redes sociais, o ministro tem ampliado sua agenda de viagens, inclusive para estados do Nordeste, onde o governo tem seus piores índices de aprovação.
Adotou também a estratégia sempre defendida pelo ex-presidente Lula, de conceder entrevistas a rádios pequenas e médias pelo interior do país —foram 25 só nas últimas semanas. Sobre o foco de seu governo, disse que quer garantir o emprego com “uma política econômica bem sucedida”.
(MARINA DIAS)