Serra chama medida do prefeito de ‘verdadeira monstruosidade’
O prefeito João Doria (PSDB) voltará a erguer a bandeira das privatizações caso concretize sua campanha ao governo de São Paulo como fez na eleição de 2016.
“Desestatização, esse é o termo”, ele reformula. “A índole do programa de governo será desestatizante.”
Doria, que disputará prévias no domingo (18) para tentar confirmar a candidatura, já tem o tom da campanha.
“Claramente defendemos um Estado menor e mais eficiente, com foco onde ele é absolutamente necessário: saúde, educação, habitação e segurança pública”, disse o tucano à Folha na terça (13).
No transporte público, pretende colocar “os módulos, ferroviário, aéreo, rodoviário, fluvial, todos eles em concessão para o setor privado”.
“Eu sou plenamente a favor de que a PPP [parceria público-privada] seja um instrumento adequado para a expansão do metrô, seja o aéreo seja o subterrâneo”, disse.
Sua equipe estuda uma forma de garantir que mesmo as linhas comercialmente menos interessantes passem para a gestão privada.
Uma forma de efetivar o plano é criar modelos em que a concessionária que pleitear a operação de uma linha nobre seja compelida a gerir outra que não necessariamente a interessaria.
“Temos que estudar isso. Tem de estar dentro do parâmetro da lei, verificar se é possível”, afirmou Doria.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) já implantou operação privada em quatros linhas de metrô e tem concessões de rodovias e aeroportos.
Na segurança pública, área que, no âmbito nacional pautará em boa medida a campanha presidencial, a situação paulista é mais confortável, disse o prefeito da capital.
“SP já tem uma situação bem melhor, diferentemente do RJ. Temos os mais baixos índices do Brasil.”
Ele prometeu implementar políticas de “valorização das polícias militar e civil, integração com a guarda civil metropolitana e as guardas dos municípios que as possuem e valorizar a inteligência”.
“A inteligência policial ajuda a prevenir crimes e a encontrar soluções com menos violência”, disse. MUNDO TECNOLÓGICO Inscrito nas prévias do PSDB para disputar o governo, o suplente de senador José Aníbal tem elencado três pontos fundamentais em suas falas sobre a gestão estadual: saneamento, segurança e, principalmente, educação.
Ex-secretário de Energia e de Desenvolvimento do estado, o tucano defende como medida fundamental acabar com o analfabetismo funcional. Para ele, é necessário inserir os jovens, mas também os idosos, no mundo tecnológico e de start-ups.
Também pré-candidato, Floriano Pesaro tem cinco pontos básicos: educação (ensino integral), desenvolvimento social e humano (primeira infância), saúde (atenção básica), mobilidade urbana (transporte sobre trilhos) e segurança pública (polícia comunitária).
O cientista político Felipe D’Avila, também inscrito nas prévias, elabora, com um grupo que vai de empresários a sindicatos, o seu programa de governo, cujo principal objetivo “é simplificar a organização do Estado e melhorar sua eficiência”.
Inclui pontos como “transparência: diálogo aberto e efetividade do acesso à informação”, e “gestão de talentos: resgate da política como virtude e adoção de nova lógica de incentivos para valorização do funcionalismo público”.
Na educação, ele propõe, entre outras, a valorização do professor. Na saúde, por exemplo, “incorporar o uso intensivo da tecnologia na relação com o usuário”. No desenvolvimento econômico, fomentar o empreendedorismo com a desburocratização.
Para a segurança, d’Avila quer “ampliar ações integradas de inteligência das polícias para melhor combater o crime organizado”.
DE SÃO PAULO
Dois dias depois da oficialização da pré-candidatura do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), ao governo paulista, o senador José Serra (PSDB-SP) veio a público criticá-lo por uma medida na gestão municipal.
Ex-governador e ex-ministro da Saúde, Serra contestou a medida anunciada pela gestão Doria nesta semana de fechar 108 AMAs (assistências médicas ambulatoriais), unidade de saúde que o senador implantou quando era ele o prefeito.
“É uma verdadeira monstruosidade contra o atendimento de saúde da população”, criticou Serra. “As AMAs são vasos intercomunicantes. Um lugar que deixa de atender acaba descarregando em outros”, disse.
Serra e Doria estão em campos opostos no PSDB. O senador chegou a ser cotado para disputar o governo paulista, mas declinou.
Sobre a afirmação de que se trata de uma remodelagem, Serra disse que ela “acabará com uma instituição que tem um bom funcionamento e aumentará a demanda sobre as demais. Estão fazendo para cortar despesas supostamente em saúde”.
Ex-secretário de Serra na prefeitura, Januario Montone considerou a medida “um enorme retrocesso na capacidade de atendimento”. “É a ‘farinata’ da Saúde”, criticou.
Segundo a prefeitura, “com a implantação das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) pelo Ministério da Saúde a partir de 2007, as AMAs se tornaram desnecessárias à estrutura do SUS”.
A reestruturação, transformando AMAs em UPAs, “é para garantir melhor uso dos equipamentos. Nenhum serviço municipal de saúde será fechado ou interrompido sem que exista outro para substituí-lo”, afirmou.
(TB)