Burocracia e falta de verba minam front oposicionista
Anúncios e recebimento de doações são gargalos
DO ENVIADO A MOSCOU
O universitário Ivan Gorosenko, 21, decidiu fazer uma doação para o partido liberal Iabloko, de longa presença na política pós-soviética, mas basicamente nanico.
Ligou para a sede da sigla em Moscou para saber como doar 10 mil rublos (R$ 570). “Queria uma conta, um PayPal. Mas descobri que teria de tirar o dinheiro em notas, ir a um banco e preencher uma ficha em que contava minha vida toda. Ou seja, ia ficar marcado e poderia me prejudicar na faculdade, estatal”, afirma.
O drama se estende a outras campanhas minoritárias. “O sistema é feito para não funcionar”, diz Vitali Shkliarov, estrategista do time de Ksenia Sobchak, candidata do Iniciativa Cívica.
Socialite e rica, ela tem uma estrutura baseada em voluntários. São cerca de 70 no seu quartel-general.
“Se o sujeito erra uma vírgula na sua declaração, a doação fica com o governo. Quem é que vai fazer isso?”, pergunta Shkliarov. Empresas podem doar também, mas a burocracia é ainda maior, o que leva ao caixa dois. “Já vieram com malas de dinheiro, mas não aceitamos”, diz ele.
Dinheiro não é problema para Vladimir Putin, que concorre como independente.
“Ele tem toda a estrutura a seu favor, a cobertura da TV estatal”, afirma Shkliarov, que coordenou uma vitória histórica de oposicionistas na eleição moscovita de 2017 ao usar aplicativos para facilitar a inscrição de candidatos. PROPAGANDA NA TV