FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL
DE SÃO PAULO
O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) disse nesta quarta-feira (14) que o crescimento potencial da economia brasileira deve se estabilizar ao redor de 3% ao ano depois que as reformas promovidas pelo governo Michel Temer surtirem efeito.
Esse seria o crescimento possível sem pressões inflacionárias que obriguem o Banco Central a aumentar o juro básico (atualmente em 6,75% ao ano) para esfriar a economia. Meirelles participou do painel sobre o cenário econômico global.
Mais à frente, quando essa capacidade estiver ocupada, o efeito das reformas é que deve garantir um crescimento ao redor de 3% sem estouro da inflação.
Segundo Meirelles, a demografia (com a diminuição de jovens no mercado de trabalho) nos últimos anos teria diminuído o chamado crescimento potencial do Brasil a 2,3%. “Mas reformas como a trabalhista, no ensino médio e a agenda microeconômica aumentaram esse potencial.”
O ministro qualificou como “evidentemente negativa” a imposição de tarifas por Donald Trump para o alumínio e aço brasileiros, mas disse acreditar que o movimento vai acelerar a busca de acordos do Brasil com outros parceiros. “Não creio que retaliar seja a melhor coisa a fazer. Estamos esperando para ver o que os EUA propõem.”
Para Meirelles, o pior seria o Brasil se fechar. “Nós nos protegemos por muito tempo e isso não foi necessariamente bom.”
Em painel que também discutiu a economia mundial, o ministro disse que sua preocupação é que os bancos centrais das economias desenvolvidas sejam compassivos demais com pressões inflacionárias e mantenham os juros perto de zero por muito tempo.
E que, depois, sejam obrigados a subir mais rapidamente as taxas para manter os preços sob controle. Ele ponderou que esse risco hoje parece pequeno.
O Fundo Monetário Internacional projeta neste ano em 3,9% o crescimento global, com EUA crescendo 2,7% e a zona do euro, 2,2%. NOVO PATAMAR Hans-Paul Bürkner, presidente do Boston Consulting Group, disse que, embora muitos considerem o crescimento norte-americano e europeu ainda baixo, esse pode ser um novo patamar.
“O rápido avanço que o mundo teve até antes da crise global de 2008 foi impulsionado por práticas financeiras que geraram a crise. Não devemos comparar algo [o crescimento atual] com o que não podemos repetir.”
Outra conclusão do painel é que o crescimento mundial relativamente baixo deve ajudar os principais bancos centrais do mundo a manter as taxas de juro baixas.
“A crise anterior foi de endividamento das empresas, mas agora temos muita divida pública. Isso não é um problema desde que as economias cresçam de forma saudável”, disse Andrés Velasco, ex-ministro das Finanças do Chile (2006 -2010).
Já o economista Armínio Fraga disse que o problema maior da economia brasileira está no campo fiscal, com todos os governos, não só o federal, muito fragilizados.
Na avaliação dele, o quadro pode ser destravado por um novo governo com mandato para “arrumar as coisas”. Disse ainda que o país precisa muito mais do que uma reforma previdenciária. “É [reforma da] Previdência, tributária e ainda tem aspectos trabalhistas, financeiros, regulatórios, mais educação, saúde, segurança. É tudo.” VOO DE GALINHA