Folha de S.Paulo

Em outro evento do fórum, o clima foi menos otimista.

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A conclusão dos participan­tes do debate sobre os cenários para o Brasil é de que ainda é cedo para comemorar a recente recuperaçã­o econômica brasileira e, sem reformas para conter o buraco nas contas públicas, a retomada será apenas um voo de galinha.

Segundo Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho de administra­ção do Bradesco, os números positivos dos últimos meses são parte de um processo de recuperaçã­o cíclica que é normal após recessões profundas, como a vivida pelo Brasil entre 2014 e 2016.

“As bases [de comparação] são tão baixas que a recuperaçã­o é uma mudança de ciclo. Mas tem o risco de que ela só tenha a duração do ciclo, o que uns podem chamar de voo de galinha. Por isso nem podemos co-memorar muito”, afirmou Trabuco.

Segundo o executivo, sem reformas, as medidas para conter o déficit fiscal –como a adoção de um teto para conter o cresciment­o das despesas do governo– se tornarão insustentá­veis. E isso, ressalta Trabuco, poderá levar a um questionam­ento sobre a capacidade de solvência do país.

“Teto do gasto público é algo muito importante, mas é uma carta de intenção. É um desejo”, afirmou.

O governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB para a eleição presidenci­al de outubro, ressaltou que, se for eleito, a Reforma da Previdênci­a seria uma prioridade: “Essas reformas precisam ser feitas no início, no primeiro ano de governo”.

O jornalista Paulo Sotero, diretor do Woodrow Wilson Center, disse que a revisão das aposentado­rias de funcionári­os do setor público é uma questão de justiça social. “Não é justo que a elite do setor público receba uma aposentado­ria 10, 15 vezes maior que a dos funcionári­os do setor privado.”

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