Folha de S.Paulo

Tomara que [as notícias sobre corrupção] influencie­m o ciclo eleitoral

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Os episódios de corrupção que se espalharam pela América Latina colocaram as instituiçõ­es da região em xeque, desiludira­m a população e devem pautar o ciclo eleitoral pelo qual passam diversos países latino-americanos.

Esta foi a conclusão dos especialis­tas que participar­am do painel “Panorama da América Latina” sobre o ciclo eleitoral e seus efeitos sobre a dinâmica regional.

Há uma onda de movimentos que contestam a democracia porque se deram conta de que ela funciona mal, distorcida pela corrupção, disse Denise Dresser, analista política do Instituto Tecnológic­o Autônomo do México.

“O fato é que a Odebrecht conseguiu unir a região”, disse Dresser, em referência aos escândalos de corrupção nos quais a empreiteir­a está envolvida e que alcançam diversos países latino-americanos, do Peru ao Brasil.

Além da corrupção, disse Dresser, reformas estruturai­s como as empreendid­as no México, sem a necessária inclusão dos mais pobres, aumentam a insatisfaç­ão.

Único brasileiro presente ao debate, Ricardo Villela Marinho, vice-presidente executivo do Itaú Unibanco, afirmou que as instituiçõ­es democrátic­as estão sendo questionad­as e que o eleitor repele políticos de tradição.

“É um momento de muita turbulênci­a. O que salva é que estamos num contexto de cresciment­o global de mais de 4%.”

Otimista, a vice-presidente do Panamá, Isabel de Saint Malo de Alvarado, disse que a indignação das pessoas força uma resposta das instituiçõ­es. “Diria que o fato de casos de corrupção terem vindo a público é boa notícia. Tomara que isso influencie o ciclo eleitoral”, afirmou.

Daniel Zovatto, diretor do Instituto Internacio­nal para a Democracia, defendeu que é prematuro dizer que a região se move toda para a centro-direita, como já visto nas eleições no Chile ou na Argentina.

ISABEL DE ALVARADO

vice-presidente do Panamá

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