‘A cantada não é legal’, diz Luiza Trajano
DE SÃO PAULO
As empresas precisam se envolver com mais intensidade no combate ao assédio moral e sexual para que os seus funcionários se sintam mais protegidos e, assim, trabalhem melhor.
A defesa foi feita por Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, em debate nesta quarta (14).
O tema do painel era o combate a abusos no ambiente corporativo da versão latino-americana do Fórum Econômico Mundial, que acontece em São Paulo.
“As mulheres estão decidindo até o carro para comprar. Quem decide o mercado hoje são as mulheres”, disse Trajano, reforçando a necessidade de que elas sejam ouvidas também no ambiente de trabalho.
O Magazine Luiza tem 52% de funcionárias mulheres.
“Homem foi acostumado a dar cantada, então estamos falando pra eles pararem de dar cantada se não vão perder emprego no mundo todo. Cantada não é legal.”
Segundo Trajano, o avanço é mais rápido quando as empresas entram no movimento contra o assédio, com instrumentos como canal de denúncias e pesquisas.
De acordo com a empresária, o Magazine Luiza criou um disque-denúncia há cerca de oito meses.
Além disso, entre janeiro e fevereiro deste ano, a empresa promoveu conversas sobre assédio entre os líderes e os subordinados.
Também presente no painel, o vice-presidente da Western Union, Ricardo Amaral, disse que a política nas empresas têm que ser de “tolerância zero”. Segundo ele, “a política mais importante é se dar conta, não ocultar”.
De acordo com Amaral, a empresa também monitora o fato de que há poucas mulheres em cargos diretivos e desenvolveu um processo interno para identificar mulheres de alto potencial e juntá-las para que elas avancem.
Segundo ele, as empresas mais diversas têm desempenho de 15% a 25% melhor.
Para Andrea Grobocopatel, da W20 Argentina, grupo de influência de gênero do G20, os sindicatos também precisam se envolver na luta contra o assédio e a violência de gênero, em especial nas pequenas empresas.
Veja os painéis do evento que serão transmitidos online
No alto, Luiza Trajano no painel sobre o combate ao assédio moral e sexual; acima, os sapatos da empresária