Cade aprova compra da XP pelo banco Itaú
DE BRASÍLIA
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou nesta quartafeira (14) a compra da XP Investimentos pelo Itaú. A conclusão da operação, porém, ainda depende do Banco Central, que tem até julho para finalizar sua análise.
Por cinco votos a dois, o Cade autorizou a aquisição em etapas de até 49,9% do capital votante da XP pelo Itaú e de 74,9% do capital social, o que deve ocorrer até 2022. A Folha antecipou na terça-feira (13) que o conselho aprovaria o negócio.
O negócio foi fechado em maio do ano passado por R$ 5,7 bilhões e mais R$ 600 milhões em investimentos na plataforma digital da XP.
Para obter o aval, Itaú e XP firmaram um acordo limitando a influência do banco sobre a corretora.
Pelo combinado, a corretora deverá manter sua plataforma de distribuição de investimentos aberta para interessados, sem discriminação.
Não será permitida exclusividade a gestores e emissores de papéis. O Itaú deverá se abster ainda da inclusão de qualquer produto de investimentos na XP e não poderá interferir na gestão da corretora. Poderá indicar de dois a três representantes no conselho de administração.
A corretora também não poderá exigir exclusividade de agentes autônomos. O acordo terá validade até 31 de dezembro de 2022. Depois disso, Itaú e XP terão de pedir autorização para a próxima etapa: a venda do controle total ao Itaú, em 2024.
O BC analisará aspectos prudenciais e também os concorrenciais da operação.
Pelo memorando de entendimentos assinado há poucos dias entre os dois órgãos federais, o BC poderá solicitar informações do Cade para complementar sua análise.
O BC, porém, tem autonomia na sua avaliação, cuja palavra final é da diretoria.
Em votos contrários à operação, os conselheiros Cristiane Alkmin e João Paulo de Resende apresentaram preocupação quanto à sobrevivência das distribuidoras independentes de investimentos, por meio de plataformas tecnológicas, do qual a XP Investimentos faz parte. COMPETIÇÃO O principal argumento dos conselheiros é que o Itaú, como maior banco privado do país, está sofrendo a competição dessas novas empresas de tecnologia na oferta de investimentos.
Muitos clientes de elevado poder aquisitivo estão deixando os bancos para investir nessas plataformas, que funcionam como supermercados de investimentos.
O movimento já ganhou o nome de “desbancarização”.
“A reprovação desta operação tem de ser feita neste momento. Caso não, os demais bancos terão cartabranca para saírem comprando as demais empresas de plataforma aberta”, diz Alkmin. (MARIANA CARNEIRO E JULIO WIZIACK)