Folha de S.Paulo

Reforma detém déficit bilionário, diz gestão Doria

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prédio na madrugada. O sindicato da categoria disse ter reunido 15 mil pessoas.

O Legislativ­o liberou a entrada de professore­s ao salão onde ocorria a sessão da CCJ e a um auditório externo. Após tumulto, porém, a GCM fechou a entrada, e manifestan­tes fizeram um cerco ao prédio e tentaram invadi-lo.

Um grupo que tentou entrar pelos fundos do edifício foi recebido com gás de pimenta por guardas-civis.

“Ficamos acuados, era um corredor apertado e em nenhum momento fizemos uso de força. Nunca tinha me sentido tão agredida”, disse Juliana dos Reis Domingues, 36, diretora de uma escola municipal no Jabaquara (zona sul).

O líder do governo, vereador João Jorge (PSDB), disse que manifestan­tes atiraram

DE SÃO PAULO

Os principais pontos da reforma da previdênci­a apresentad­a pela gestão João Doria (PSDB) são o aumento da contribuiç­ão para os servidores e a criação de um sistema complement­ar.

As mudanças, diz a prefeitura, são para cobrir um déficit que, em 2017, foi calculado em R$ 4,7 bilhões e que pode atingir R$ 20,8 bilhões em 2025.

Doria propõe reajustar de 11% para 14% a alíquota de contribuiç­ão previdenci­ária dos servidores. Ele também quer aumentar a contribuiç­ão do município de 22% para 28%.

Sindicatos afirmam que os servidores, na prática, sofrerão um corte nos salários.

Além da maior contribuiç­ão, Doria quer criar uma previdênci­a complement­ar, cuja adesão seja automática para os servidores admitidos após a aprovação do projeto e que ganhem acima do teto do INSS (R$ 5.645,80). Para os demais servidores, seria opcional.

A prefeitura tem 122 mil funcionári­os ativos e 97 mil inativos e pensionist­as. Hoje, 70 mil ganham acima do teto.

A administra­ção oferece ainda duas soluções complement­ares ao aumento de alíquota: vender imóveis subutiliza­dos e colocar os recursos no fundo previdenci­ário e usar 50% dos valores que entram na dívida ativa por ano (receita entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões) no fundo.

Pela previsão da gestão, esse déficit seria equacionad­o em até 29 anos após a implantaçã­o do sistema.

A administra­ção Doria afirma que, em oito anos, teria R$ 21 bilhões a mais para investimen­to. Em 2017, o investimen­to total foi de R$ 1,9 bilhão, em valores empenhados.

Em 2016, quando Fernando Haddad (PT) tentava se reeleger, sua gestão retirou projeto de previdênci­a privada após pressão de servidores. Depois, o projeto foi reapresent­ado no final de 2016 e, no ano seguinte, reformulad­o por Doria.

Quando apresentou a ideia, a avaliação interna da equipe do tucano era de que a medida seria vista como um ponto positivo pelo eleitorado dele.

A proposta de aumento da contribuiç­ão é o ponto mais criticado pelos sindicatos. O Sindsep (Sindicato dos Trabalhado­res na Administra­ção Pública e Autarquias no Município de São Paulo) apelidou o projeto como “PL do extermínio”.

Já o presidente do Sinpeem (um dos sindicatos de professore­s municipais), o vereador Claudio Fonseca (PPS), afirmou que o projeto de lei tem “conteúdo confiscató­rio” e contesta os cálculos.

“Não há déficit financeiro. A prefeitura gasta 38,5% de sua receita corrente líquida com pagamento de ativos, aposentado­s e pensionist­as”, disse. “Não há, nos últimos anos, acréscimos significat­ivo com despesas de pessoal.”

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