Folha de S.Paulo

Seriados brasileiro­s de cunho erótico fazem sucesso lá fora

- TONY GOES

O Café Photo, tradiciona­l bar paulistano frequentad­o por prostituta­s, tem mais a ver com “O Negócio” e com “Me Chama de Bruna”, e roteirista­s e atores das séries deram uma esticada por lá. Explica-se: são obras televisiva­s cujas personagen­s investem na mesma clientela de alto padrão do local.

Na quarta temporada de “O Negócio”, Karin (Rafaela Mandelli) tenta expandir suas conquistas no ramo.

Com um grupo de garotas, ela avançou progressiv­amente em suas estratégia­s nas últimas temporadas. Agora, quer construir um prédio dedicado à prostituiç­ão, e seus esforços se dirigem ainda à aceitação de familiares.

Camila Raffanti, uma das roteirista­s da série, conta sobre o outro lado da história, que é justamente a pesquisa da equipe de criação junto à clientela. Um dos entrevista­dos mostrou ao grupo, em um laptop, fotos das meninas a quem pagava até R$ 8.000 por um fim de semana.

“Essa pesquisa foi fundamenta­l para a gente entender a relação de poder desses caras, de sair com uma modelo com cara de top model, ter essa ‘girlfriend experience’.”

Ela analisa os casos daqueles que querem mais do que sexo. “Marcam um jantar, depois vão para o motel e transam. O dinheiro nunca é na mão, há toda uma ilusão do encontro. O dinheiro vai na conta, depois. Você não tem a transação econômica estragando o barato do encontro”.

A pesquisa também levou, segundo Raffanti, mulheres da equipedasé­rieadescon­fiarque namorados e ex-companheir­os ou transavam com prostituta­s ou já tinham transado.

Os respectivo­s negaram.

Três dias após a estreia da primeira produção da TNT no Brasil, “Rua Augusta”, a HBO abre no domingo (18) a quarta e última temporada de “O Negócio” em cerca de 50 países.

Esta série sobre quatro prostituta­s de luxo, resultado de parceria do canal com a produtora Mixer, é um fenômeno de audiência a nível global.

Já “#Me Chama de Bruna” se tornou o primeiro programa produzido pela Fox na América Latina a ser vendido para fora da região. A série, inspirada nas memórias da exgarota de programa Bruna Surfistinh­a, tem seu primeiro ano exibido pelo canal pago Rialto, da Nova Zelândia.

É injusto dizer que o mundo só se interessa pela TV brasileira se o assunto for sexo. Novelas da Globo são exportadas há mais de 40 anos.

Tramas bíblicas da Record alcançaram índices expressivo­s em países de língua espanhola. A série de ficção-científica “3%”, a primeira produção da Netflix no Brasil, conquistou fãs no exterior.

Mas salta aos olhos o êxito internacio­nal de “O Negócio” e “#Me Chama de Bruna” (disponível no Foxplay). A explicação vai além do clichê. As duas séries preenchem um nicho no mercado: há no mundo poucos programas que combinem erotismo “light” com roteiros elaborados e bons valores de produção.

Tanto sucesso permitiu que “O Negócio” chegasse a quatro temporadas, façanha inédita para uma série dramática brasileira de canal pago. Se o programa ia tão bem, aliás, por que acabar com ele?

Roberto Rios, vice-presidente corporativ­o de produção da HBO, explica: “Queríamos terminar em um ponto alto. Na terceira temporada, sentimos que a história apontava para um desfecho. Então demos a oportunida­de para a equipe finalizar o que estava em andamento, em vez de simplesmen­te cancelar a série ou prorrogá-la por razões comerciais”.

Mas será que o final é para valer? A atriz Rafaela Mandelli, que vive a protagonis­ta Karin, sugere um telefilme em um futuro próximo sobre o destino das personagen­s. Por ora é só uma ideia – mas não será surpresa se ela se concretiza­r. NATV Rua Augusta Estreia da primeira temporada, com exibição de episódio duplo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil