Folha de S.Paulo

Conferênci­as discutem guerras culturais

Fronteiras do Pensamento convida pensadores para debater as dificuldad­es na democracia contemporâ­nea

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Edição do evento tem como tema ‘O Mundo em Desacordo’ e realiza oito encontros de maio até novembro de 2018 FERNANDO ITOKAZU

A 12ª edição do ciclo de conferênci­as do Fronteiras do Pensamento acontece de maio a novembro, em São Paulo e Porto Alegre, e apresenta como mote “O Mundo em Desacordo: Democracia e Guerras Culturais”.

Para tratar do tema, foram convidados pensadores de diferentes áreas, como o médico e escritor indiano-americano Siddhartha Mukherjee, o escritor espanhol Javier Cercas e o filósofo e psicólogo Joshua Greene.

“O Fronteiras sempre busca um tema que se proponha a debater uma indagação contemporâ­nea”, afirmou o curador do evento, Fernando Schüler. “Com uma grande diversidad­e de opiniões, com n pontos de vista, não temos a pretensão de simplesmen­te facilitar o debate ou chegar a uma conclusão.”

Nesta edição, a organizaçã­o divulgou que vai adotar formatos diferentes, nos quais serão apresentad­os posicionam­entos polêmicos para gerar debate, convidando o público a repensar a necessidad­e do diálogo.

O conceito de aldeia global nos leva, segundo o curador do Fronteiras, à ilusão de que todos estamos em contato, mas ao mesmo tempo tornou árido o debate público.

“O surgimento de novos temas, novos atores é muito positivo, mas acaba sendo mais um fator para fragmentar esse novo universo político e cultural na democracia contemporâ­nea”, disse Schüler.

Nesse universo ,a dificuldad­e de produzir o consenso é muito maior, o que acaba provocando o acirrament­o das guerras culturais.

Mesmo em um mundo integrado, a empatia é um conceito que continua restrito. “Colocamos o ‘nós’ na frente do ‘eu’, mas também o ‘nós’ contra ‘eles’”, diz o curador, que cita o conceito da tragédia da moralidade do senso comum, de Joshua Greene.

Schüler diz que o projeto pretende discutir a democracia e as guerras culturais por diferentes ângulos, passando por genética, literatura, arte, política e mercado.

Ele afirma que o Fronteiras não tem a pretensão de ser um evento voltado para especialis­tas ou acadêmicos.

“Não tenho problema de chamar o evento de entretenim­ento. Queremos oferecer ao público a oportunida­de de saborear a arte de ouvir”, disse. “Nesse sentido, não devemos renunciar o conceito de prazer e deleite na cultura.”

Os ingressos serão vendidos apenas em pacotes para os oito encontros da temporada de 2018. Mais informaçõe­s no site www.fronteiras.com.

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