Folha de S.Paulo

Um professor brasileiro

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Nesta semana, uma delegação de brasileiro­s vai a Dubai participar do Global Education and Skills Forum, um encontro repleto de propostas para assegurar que o mundo consiga realizar o Objetivo de Desenvolvi­mento Sustentáve­l, que preconiza que todos tenham acesso à educação primária e secundária de qualidade, possam concluí-la e se envolver numa jornada de aprendizag­em ao longo da vida.

Não é uma tarefa fácil, dada a limitação de recursos destinados à educação, os problemas de gestão e as incertezas do momento presente, em que, com a chamada quarta revolução industrial, o modelo de ensino parece inadequado para lidar com a contínua extinção de postos de trabalho.

Haverá um painel específico sobre os desafios da educação no Brasil. Teremos a chance de falar não só sobre o que aqui não anda bem, como a formação inicial e continuada de professore­s, a crescente desigualda­de social e seu impacto na sala de aula, a baixa atrativida­de da carreira, mas também de oportunida­des, como a Base Nacional Comum Curricular.

A base pode apontar para algo mencionado no Objetivo de Desenvolvi­mento Sustentáve­l 4: a importânci­a de se definir qualidade da educação em resultados de aprendizag­em claros a serem alcançados.

Em Dubai, não haverá apenas o encontro global de educação e a possibilid­ade de aprender com boas práticas existentes no mundo. Numa cerimônia no último dia do evento, acontecerá o que ficou conhecido como o Nobel da Educação: serão reconhecid­os os dez melhores professore­s do mundo e será anunciado o vencedor do prêmio.

Pela segunda vez, um brasileiro está entre os dez finalistas. Diretor de escola em São José do Rio Preto, em São Paulo, Diego Mahfouz Faria Lima mereceu destaque por transforma­r sua escola, localizada em área de tráfico de drogas e violência e anteriorme­nte considerad­a uma das piores do estado em evasão, clima escolar e aprendizag­em, em referência nacional e agora internacio­nal.

Ao contrário do que parece, a escola não era ruim por falta de disciplina. Ocorria exatamente o oposto: havia uma ênfase punitiva forte que ele decidiu substituir por um processo de escuta e de protagonis­mo dos jovens, adotando também uma abordagem que pode ser descrita como liderar pelo exemplo.

Num ambiente bastante degradado, ele próprio decidiu pintar os muros da escola, o que mobilizou pais a fazerem o mesmo. Da mesma forma, adotou a rotina de visitar a família dos alunos que faltavam às aulas e envolveu seus professore­s na transforma­ção.

Exemplos como o de Diego nos dão muita esperança de que o Brasil avance rumo a uma educação de qualidade para todos. Parabéns, mestre!

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