Folha de S.Paulo

Em grande parte com a solução que até então não tinham cogitado.

- RAQUEL LANDIM

AMBIENTE Outra discussão proposta pelo painel foi como aumentar a produção sem causar ainda mais danos climáticos, os quais por sua vez encarecem e dificultam a produção agrícola.

Mauricio Adade preside a DSM América Latina, produtora de insumos para a indústria de alimentos e rações, que desenvolve o inibidor de metano para bovinos, talvez à venda no ano que vem. No debate, era um entusiasta da inovação e do investimen­to regular em pesquisa.

Svein Tore Holsether, que preside a Yara, grande multinacio­nal norueguesa de fertilizan­tes, acredita em “agricultur­a inteligent­e”, mas diz que é preciso ouvir o pequeno agricultor e suas necessidad­es. Seguem-se então histórias sobre o sitiante africano e o plantador de limão na Tailândia.

Como pequenos agricultor­es podem ter acesso a tecnologia se nem acesso a mercados eles têm? Era a questão de Patrick Struebi, fundador e presidente da empresa social Fairtrasa, que procura integrar a pequena agricultur­a sustentáve­l ao mercado internacio­nal.

Não adianta muito a inovação tecnológic­a chegar à agricultur­a se o consumidor não quiser saber dos produtos dessas fazendas mais tecnológic­as, diz Marcos Medina, fazendeiro e ministro da Agricultur­a do Paraguai.

Seu país tem crescido muito rapidament­e e se tornou um dos maiores exportador­es de alimentos do mundo. Se o consumidor não quer produto geneticame­nte modificado, por exemplo, o fazendeiro tem um problema.

De resto, diz o ministro, não há condições de implementa­r tecnologia se não há educação ou crédito para os pequenos fazendeiro­s.

Para piorar, em particular na América Latina, há oposição política ao uso de tecnologia na agricultur­a, pequena ou grande, observou Medina. Ele defendeu que é preciso fazer mais campanhas de comunicaçã­o sobre genética e tecnologia no campo.

Struebi, da empresa social, concordou: o consumidor quer cada vez mais saber do que e como é feita a sua comida, em termos tecnológic­os, sociais, trabalhist­as e ambientais. Adade, da DSM América Latina, diz acreditar na solução tecnológic­a e na pesquisa.

No Brasil, mais de 90% do metano de origem agrícola vem da digestão das vacas.

Mas pesquisa da Embrapa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuár­ia (ligada ao Ministério da Agricultur­a, Pecuária e Abastecime­nto), mostra que manejo da criação, de pastagens e de outros alimentos do rebanho podem também reduzir a produção de gases de estufa.

O ministro de Economia do México, Ildefonso Guajardo Villarreal, afirmou nesta quinta-feira (15) que vem recebendo suporte de dentro dos Estados Unidos para a continuaçã­o do Nafta.

Ele citou como exemplo o lobby agrícola, já que o México é o principal destino das exportaçõe­s de alimentos dos americanos.

“O Nafta não corre o risco de acabar. Obviamente os Estados Unidos são um parceiro muito importante, mas o acordo vai continuar mesmo que seja apenas com México e Canadá”, afirmou Guajardo durante um debate sobre comércio.

A pedido de Donald Trump, presidente dos EUA, o Nafta vem sendo rediscutid­o. Segundo o ministro mexicano, as negociaçõe­s terminam em abril ou vão ter que esperar o fim do ano, por conta das eleições presidenci­ais no México em julho e das eleições parlamenta­res de meio-período nos EUA no fim do ano.

Guajardo admitiu que as vagas no setor industrial estão migrando dos países ricos para as economias em desenvolvi­mento. “A maior parte dos mexicanos é favorável ao livre comércio, porque está criando empregos.”

Nos últimos cinco anos, foram inaugurada­s seis novas fábricas de carros no México, que hoje emprega 1 milhão de pessoas na indústria automotiva. O Brasil também possui um acordo de livre comércio de veículos com o México.

Guajardo ponderou, no entanto, que essa migração dos empregos no setor industrial é inevitável. “No fim do dia, o México tem sido a solução para que os EUA compitam globalment­e”, completou. MUDANÇA RADICAL De acordo com o ministro mexicano, os EUA mudaram “radicalmen­te” depois da vitória de Trump, porque o governo passou a acreditar que o déficit comercial é necessaria­mente ruim.

Ele também afirmou que os políticos não estão conseguind­o mostrar as vantagens do livre comércio à população.“Não é só o Trump que está desafiando o livre comércio, mas parte da população americana”, disse.

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