Folha de S.Paulo

Mentos administra­tivos junto à corregedor­ia. Não há contato entre presos de galerias distintas”.

- BRUNA NARCIZO

Na última segunda-feira (12), o preso Marcelo Munhoz enrolou um lençol como uma corda e envolveu o pescoço de Jean Rodrigues Ferreira, de 22 anos. Sufocou o colega até ele cair morto.

O caso ocorreu na cela 403 da quarta galeria do Complexo Médico Penal, em Pinhais, na região metropolit­ana de Curitiba (PR).

A causa do crime foi a insatisfaç­ão dos detentos com a presença naquele pavilhão de alguém apontado como estuprador de crianças.

No dia seguinte, houve outro crime na mesma penitenciá­ria. João Pedro Valero, de 53 anos, foi atacado com uma navalha pelos colegas da quarta galeria.

O motivo foi um comentário impertinen­te de Valero sobre as mulheres que dançam funk.

Havia ali quem é casado com uma funkeira. Valero morreu após o ataque.

Os dois crimes ocorreram a cerca de cem metros do prédio onde ficam os presos da Lava Jato, no mesmo complexo penal, levando preocupaçã­o a seus advogados e parentes.

Estão no momento no presídio o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB), o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ), o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-senador Gim Argello (PTB-DF).

Caso seja preso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) poderá engrossar a lista de detentos famosos do local.

Os presos da Lava Jato tiveram conhecimen­to sobre as mortes e estão apreensivo­s, segundo pessoas que têm contato com eles.

O Depen (Departamen­to Penitenciá­rio) do Paraná garante que não há riscos para os condenados pelo juiz federal Sergio Moro.

“Não há contato entre presos de galerias distintas”, diz nota do departamen­to. PROBLEMAS Com cerca de 700 presos, o CMP não tem problemas sérios de superlotaç­ão, uma vez que a capacidade é para 659 detentos. Mas há presos em situação irregular.

Ferreira, o morto por sufocament­o, estava preso no interior paranaense, em São João do Ivaí, e veio para o CMP porque sua condenação previa medida de segurança, uma modalidade de reclusão para pessoas com problemas mentais que necessitam de tratamento psiquiátri­cos.

Ele não deveria estar em contato com presos comuns. No CMP, deveria estar na galeria 1 ou 2, onde ficam presos na sua situação.

Antes das mortes nessa semana, o último assassinat­o no complexo havia ocorrido em maio de 2017. Um homem de 19 anos foi morto dentro da sua cela, por um preso com quem ele dividia o local.

Recentemen­te, os agentes penitenciá­rios do local passaram a adotar novas medidas de segurança.

Um procedimen­to novo é prender os presos pelos tornozelos com uma algema chamada de marca passo, quando os escoltam para uma sala de fisioterap­ia e atendiment­o com dentista que fica dentro do complexo, distante poucos metros da galeria em que vivem.

Segundo a Folha apurou, Cabral e Cunha foram alguns desses presos que protestara­m contra as algemas.

As mortes do início da semana também repercutir­am entre agentes penitenciá­rios, que relataram em grupos de aplicativo­s de mensagens que estaria aumentando a inseguranç­a dentro do Complexo Médico Penal. OUTRO LADO O Depen (Departamen­to Penitenciá­rio) do governo do Paraná disse, em nota, que “a motivação das mortes está sendo apurada por inquéritos policiais, junto à Polícia Civil, assim como, procedi-

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Eriksson Denk/Conselho da Comunidade de Curitiba Pavilhão 4 do Complexo Médico Penal, em Pinhais, na região metropolit­ana de Curitiba

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