Folha de S.Paulo

Confrontos levam à fuga de 64 mil de áreas sitiadas sírias

Regime cerca Ghouta Oriental com apoio da Rússia, e Turquia e rebeldes se unem para tirar curdos de Afrin

-

Combates desta sexta deixam 120 mortos nas duas regiões; Moscou acusa EUA e UE de beneficiar terrorista­s

Cerca de 64 mil civis fugiram desde quinta-feira (15) da cidade de Afrin e da região de Ghouta Oriental, na Síria, áreas em extremidad­es opostas do país sitiadas por intensas batalhas das forças envolvidas na guerra que nesta semana entrou no oitavo ano.

Na primeira região, rebeldes contrários ao regime do ditador sírio, Bashar al-Assad, se aliaram à Turquia para enfrentar as Unidades de Proteção do Povo (YPG), milícias curdas que dominam a região e considerad­as terrorista­s pelas autoridade­s turcas, e as forças de Damasco.

Nesta sexta-feira (16), as forças aliadas à Turquia tentaram invadir o norte da cidade. Segundo o Observatór­io Sírio de Direitos Humanos, 40 civis morreram nos combates, 16 em um hospital atingido por um bombardeio turco, e ao menos 2.500 pessoas deixaram a cidade.

Com elas, chega a 48 mil o número de pessoas que fugiram desde quarta (14) pelo único corredor aberto pelos aliados dos turcos para a saída dos civis. A ONU teme que os remanescen­tes estejam sendo impedidos de sair e usados como escudos humanos pelas milícias curdas.

Em Ghouta Oriental, bastião dos rebeldes contrários a Assad próximo a Damasco, a ONU estima que 16 mil pessoas tenham fugido dos confrontos entre os insurgente­s, em sua maioria extremista­s islâmicos, e as forças do regime, que têm apoio da Rússia.

Nesta sexta, pelo menos 80 pessoas morreram em ataques aéreos. O Observatór­io Sírio de Direitos Humanos acusa as forças russas de terem feito o bombardeio, o que é negado por Moscou.

A ditadura síria já reconquist­ou 70% da região, a última fortaleza rebelde próxima à capital, na ofensiva iniciada em 18 de fevereiro. Mais de 1.200 civis morreram e milhares ficaram feridos.

Apesar das condenaçõe­s e apelos a um cessar-fogo, a operação continua. Neste contexto, o Exército sírio pediu que os habitantes de Ghouta Oriental fujam do reduto através “dos corredores de segurança”.

Depois das críticas dos Estados Unidos ao papel de Moscou, acusado de ser “moralmente cúmplice e responsáve­l pelas atrocidade­s de Assad”, o chanceler russo, Serguei Lavrov, acusou os ocidentais de tentarem “preservar o potencial militar dos terrorista­s” na Síria, forma como Moscou e o regime de Assad chamam os rebeldes.

 ??  ??
 ?? Louai Beshara/AFP ?? Civis que deixaram a conflagrad­a Ghouta Oriental se aglomeram em escola de Damasco
Louai Beshara/AFP Civis que deixaram a conflagrad­a Ghouta Oriental se aglomeram em escola de Damasco

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil