Folha de S.Paulo

Nafta vai evoluir porque ‘não está no Twitter’, diz mexicano

- ISABEL FLECK

O homem à frente da Proméxico, a agência de promoção de exportaçõe­s do México, Paulo Carreño, diz estar otimista com as conversas sobre o Nafta (acordo de livrecomér­cio entre seu país, os EUA e o Canadá) e aponta uma razão inusitada: “A negociação não está no Twitter”.

Donald Trump chegou a prometer que acabaria com o Nafta, depois disse que iria negociar com os vizinhos. As discussões já duram mais de um ano —e essa é outra razão que Carreño aponta para manter o otimismo.

“O fato de que sigamos sentados à mesa há mais de um ano é um bom sinal”, disse Carreño em entrevista à Folha, às margens do Fórum Econômico Mundial para a América Latina, que ocorreu nesta semana, em São Paulo.

“Veja o que aconteceu com os outros acordos comerciais que desagradav­am ao governo Trump: o TPP [Parceria Transpacíf­ico], por exemplo, ele manifestou que não gostava e algumas horas depois os EUA estavam fora”, afirmou o diretor da Proméxico, citando também a recente concretiza­ção do aumento nas tarifas de importação do aço.

Segundo Carreño, há uma diferença entre o que ocorre “no plano da promoção política” dos países e o que acontece nas negociaçõe­s.

“A negociação não está no Twitter. O tratado de livre-comércio está numa mesa de negociação com três equipes muito qualificad­as que estão analisando com muito cuidado dados técnicos”, disse. Trump usa o Twitter para ata- car adversário­s, criticar países e políticas e fazer anúncios potencialm­ente desastroso­s.

Apesar de ressaltar que a Proméxico não faz parte da equipe de negociação mexicana sobre o Nafta, Carreño fez um resumo sobre o que considera avanços obtidos no último ano: 6 dos 30 capítulos submetidos pelo México à negociação já estão fechados e mais de uma dezena “tem um avanço significat­ivo de mais de 50%”.

“Nos outros há um avanço em maior ou menor graus”, disse. Ele defende ainda que os números do bloco jogam a favor. “O Nafta não só triplicou a balança comercial entre os três países desde que foi assinado: entre México e EUA, quintuplic­ou o comércio.”

Para Carreño, Brasil e México estão num bom momento, mas “poderiam ter uma relação comercial muito melhor”. “Acho que poderíamos ser muito mais complement­ares, em setores como o alimentíci­o, o manufature­iro e o automotivo”, disse.

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Adriano Vizoni - 14.mar.18/Folhapress Paulo Carreño, diretor da Proméxico, agência de promoção de exportaçõe­s do México

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