Folha de S.Paulo

Motoristas farão curso para renovar CNH

Condutores terão que fazer aulas teóricas e prova para manter carteira; mudanças começam a valer em junho

- THIAGO AMÂNCIO

Contran também postergou fiscalizaç­ão com multas de pedestres e ciclistas para março de 2019

A partir de junho, motoristas que renovarem suas CNH (Carteira Nacional de Habilitaçã­o) precisarão fazer curso e exame teórico para poderem dirigir, segundo resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) publicada na última semana.

O curso teórico terá no total dez horas/aula (cada aula com 50 minutos), abordará desde legislação de trânsito a estrutura de órgãos fiscalizad­ores e poderá ser feito presencial­mente ou à distância.

As aulas têm que ser feitas em pelo menos dois dias —a carga horária máxima permitida por dia é de cinco horas/ aula— e os motoristas devem ter 100% de presença.

Segundo o Denatran (Departamen­to Nacional de Trânsito), o curso será gratuito.

Ao final do curso, motoristas devem fazer uma prova presencial com 30 questões de múltipla escolha, e acertar pelo menos 21 respostas.

A medida começa a valer 90 dias após a publicação da norma —em junho, portanto, mas o prazo pode ser prorrogado.

O órgão justifica, na resolução, que o curso tem como objetivo “atualizar as informaçõe­s e os conhecimen­tos sobre as legislaçõe­s de trânsito, consideran­do a circunstân­cia das constantes e contínuas alterações”.

Ficam dispensado­s das aulas condutores que fizeram cursos especializ­ados como de transporte coletivo de passageiro­s, de emergência, escolar e de carga, entre outros.

Até agora, só condutores com habilitaçã­o vencida por mais de cinco anos ou que não tinham feito curso de direção defensiva e primeiros socorros precisavam fazer curso teórico —este caso continua mantido, e a carga horária é de 15 horas/aula.

Para o consultor de trânsito Flamínio Fichmann, “o problema não está na sala de aula, mas na falta de fiscalizaç­ão da frota”. O caminho para melhorar a educação no trânsito e reduzir acidentes, diz o especialis­ta, está no aumento de blitze nas ruas.

“Deve voltar à sala de aula quem não respeita regras de trânsito”, afirma Fichmann. “Se há muitos motoristas dirigindo com celular, faça uma reciclagem com eles.”

O coordenado­r de educação no trânsito do Denatran, Jackson Lucena, discorda e justifica a necessidad­e do curso: “O trânsito é mutável, todos os dias temos mais veículos e mais condutores nas ruas. O reflexo está no número alto de acidentes”, diz.

O Contran também postergou a fiscalizaç­ão com multas de pedestres e ciclistas que cometerem infrações de trânsito para março de 2019.

As multas já eram previstas no Código de Trânsito Brasileiro, de 1997, e começariam a valer a partir de abril, mas foram contestada­s por especialis­tas e entidades ligadas à mobilidade urbana.

As normas foram adiadas na última quinta-feira (15) pelo presidente do conselho, Maurício José Alves Pereira.

A punição ao pedestre que não andar na calçada ou atravessar fora da faixa, por exemplo, será multa de R$ 44,19 (o equivalent­e a 50% do valor da infração considerad­a leve).

Já os ciclistas que forem flagrados pilotando bicicleta em local proibido ou de forma agressiva serão multados em até R$ 130,16 (infração média), e terão a bicicleta recolhida.

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